Devo ter assistido a mais ou menos uns 30 filmes nos ultimos dois meses (e é bem capaz que essa conta esteja subvalorizada) em minha casa. Sou apegado a ideia de que na cidade onde resido, durante os dias de semana, é necessário dosar pessoas e emoções por questões de saúde. Então, sou sócio de 03 locadoras espalhadas pela cidade, fora filmes e documentários que consigo com amigos da capital. Não há regras, mas geralmente por volta de 19:00h e 22:00h de duas a três vezes por semana é factual me encontrar de fronte ao dvd player de minha "salinha de cinema"! Entre tanta porcaria que inevitavelmente a gente pega nas locadoras, vez ou outra, sou afortunado com verdadeiras pérolas. Bastardos Inglórios do Tarantino é o caso. E olha que não sou nenhum super fã do diretor nerdão!
A história começa na França ocupada pelos nazistas, onde Shosanna Dreyfus (Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz merecia uma crítica à parte). Após uma introdução brilhante com uma intensa conversa entre os personagens de Denis Menochet e Waltz, a jovem consegue escapar e foge para Paris, onde cria uma nova identidade como dona de cinema. Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) inferniza ao lado de seu grupo de soldados judeus, os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, o esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. E os destinos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua própria vingança.
Inteligente, ainda que mantida rigorosamente simples, a trama investe nos atores - e a direção de elenco é a melhor da carreira já celebrada por essa característica de Tarantino. E se comentei acima que Christoph Waltz merecia sua própria crítica, dedico-lhe ao menos um parágrafo. O ator austríaco não dá chance a quem quer que divida a cena com ele. Seu vilão é tão sensacional que Bastardos Inglórios torna-se, sem querer, quase como um filme do Batman, em que são os antagonistas que valem o ingresso. Brad Pitt? Bom e caricato, como o filme exige. Mas Waltz está simplesmente em outra esfera de talento.
Caricaturas, aliás, são o "pão-com-manteiga" do filme. É divertida a maneira como o diretor reduz personagens aos seus estereótipos conhecidos (o americano caipira e bruto, a francesa blasé, o inglês supereducado, os nazistas engomadinhos...) para economizar tempo em explicações e construção de personagens. O único com quem ele realmente se preocupa é, de novo, Hans Landa, e isso causou certa polêmica entre a crítica. Adorar o nazista, mesmo com o tresloucado e historicamente alucinado clímax que o filme oferece, não é algo de fácil digestão mesmo.
Também passível de discussão é a eterna "violência tarantinesca". Uns amam, outros odeiam. Considerando os filmes anteriores do diretor, achei até contida, com poucos momentos de impacto. Mas isso, porque não me importo em ver escalpos e tacos de baseball esfacelando cabeças. O cinema de Tarantino tem mesmo essa propriedade um tanto anestésica em relação à sangreira. Ele consegue transformar o "gore" em "cool" dentro de determinados públicos. Mas fica o aviso - há quem tenha criticado duramente a produção por conta disso, gente que considera Tarantino um eterno adolescente fascinado com seus brinquedos.
Acho que consigo entender as razões dessas pessoas: Tarantino é mesmo inconsequente! Mas enquanto tiver seu público cativo, formado por gente como ele, seguirá em seu mundinho. Eu agradeço.
Curti a crítica! É um bom filme mesmo.
ResponderExcluirA propósito, já viu Death Proof? Achei muito bom também. :)
(Bel)