Alguns anos se passaram e o mito Ethiopia, nas falas de seu vocalista Pascoal Ferrari, continua ácido e pouco assimilável. O que importa é apenas a música. Tudo ao redor continua Vazio e sem conteúdo. Tentei desmistificar alguma coisa naquela noite na rua Ceará em que dois integrantes da banda se apresentaram junto com o Finis Africae.
Maurício Porão - Certa vez, faz uns dois anos, estava assistindo a um programa na internet chamado Mask - nem sei se existe ainda - voltado para cultura pós punk , dark e adjacências. Também não lembro se foi um dj ou um músico dessas bandas paulistas desse restrito circuito under/goth. O cara falou que as quatro músicas do EP do Ethiópia eram uma referência para a toda cena gótica nacional e até mesmo internacional. Você tem consciência disso?
Maurício Porão - Certa vez, faz uns dois anos, estava assistindo a um programa na internet chamado Mask - nem sei se existe ainda - voltado para cultura pós punk , dark e adjacências. Também não lembro se foi um dj ou um músico dessas bandas paulistas desse restrito circuito under/goth. O cara falou que as quatro músicas do EP do Ethiópia eram uma referência para a toda cena gótica nacional e até mesmo internacional. Você tem consciência disso?
Pascoal Ferrari - Bem, não sei se
éramos referência ou não! Ensaiávamos praticamente de segunda a sexta em um estúdio
na Urca, na casa do Pollo; Ouvíamos músicas do underground da época e criávamos
nosso som em cima disso. Também curtíamos outros de tipo de som como músicas flamencas
e outras coisas. Eu particularmente gostava de música brasileira tipo Paulinho
da Viola, samba de brék, rap etc. Voltando a sua pergunta, pra falar a verdade,
não tenho muita consciência disso não. O nosso EP foi muito mal gravado e pra
falar a verdade ficou uma bosta! Mas éramos uma banda muito ao vivo, fazíamos
muitos shows e claro que tocávamos mais em SP do que no Rio e todo show praticamente tinha uma música nova.
É isso aí.
Maurício Porão - Pode ter sido mal gravado mas a música
Ethiópia por exemplo ficou com uma sonoridade única. Até hoje ouço aquela
guitarra psicodélica em cima de uma levada hardcore e já fico deprê pra caralho!
Pode considerar um puta elogio: vocês são um dos responsáveis pela minha faceta
soturna faz anos.
Pascoal Ferrari - Pois é, estou
estudando com o Pollo uma maneira de conseguirmos ensaiar, porque ele mora em
Itaipava, e tentar resgatar algumas músicas e até compor e fazer um outro show
completo com pelo menos umas dez músicas. Mas é complicado como tudo nessa
porra de Rio de Janeiro. Mas vamos fazer...
Eu adoro hardcore cara ! Estou muito afim de
resgatar uma música nossa chamada Guerra que é uma porrada! Eu me lembro mais ou menos, mas
estou correndo atrás para ver se alguém tem essa gravação e aí vamos “botá pra
fudê!” (rs)
Pascoal Ferrari - Sinceramente não! Essas
bandas mais modernas de hoje em dia eu não conheço muito bem! Sou meio burro,
mas ouço de tudo, até moda de viola caipira, pois ganhei uma viola do meu irmão
e estou estudando. Como disse: sou caipira do interior de SP e apesar de já
estar no Rio há 30 anos, não perdi minhas raízes. Mas veja bem: moda caipira
clássica e não essas merdas de hoje que tem por aí. Então ouço de tudo e claro,
os bons e velhos punks sempre...
Maurício Porão - Quais são as
melhores recordações daquela época? Sempre ouvi dizer que vocês eram extremamente
arredios!
Pascoal Ferrari - Bom, as melhores
recordações é de que sempre estávamos ensaiando e tocando também! Os shows eram
aquelas coisas: muitas caverninhas, as vezes em lugares super mambembes, mas
sempre era do caralho! O público em si, na maioria das vezes, na linha de
frente do palco, era a rapaziada da Urca, então nos sentíamos à vontade.
Repito: ensaiávamos muito e os shows
eram redondos e a rapaziada adorava. Penso que éramos, digamos assim, muito
honestos com nosso som!
Com relação às outras bandas, não tínhamos muito
boa relação, pelo menos aqui no Rio, porque era a moda daquelas bandas de Brasília.
Na verdade lembro-me apenas de algumas bandas legais de quem éramos amigos:
SOMBRAS QUE SURGEM , KONGO, DISTURBIO SOCIAL. Agora arredio sempre fomos mesmo,
na verdade éramos na nossa e não tinha parada meu irmão: quando a “chapa ficava
quente” a gente saia na “porrada” mesmo(rs) Por isso que nossa relação com
outras bandas não era muito boa e tocávamos mais em SP do que aqui.
Maurício Porão - Ainda se emociona
ouvindo/tocando as quatro músicas? Poderia falar de cada uma delas?
Pascoal Ferrari - ETHIÓPIA: até hoje ainda há fome na África!! Uma crítica ao capitalismo!;
Pascoal Ferrari - ETHIÓPIA: até hoje ainda há fome na África!! Uma crítica ao capitalismo!;
FEITO
NAVALHA: é uma letra minha, pois também
como você, sentia-me na maior deprê com relação a vida e era foda mesmo! Ainda
é, você sabe disso: “ se correr o bicho pega se ficar o bicho come” ;
MINHA VIDA EM SUAS MÃOS: é uma música digamos
assim, romântica gótica e com um final não muito feliz!;
VAZIO: a letra é uma poesia do baterista Lúcio Agra
que musicamos, mais ou menos isso.
Pascoal Ferrari – Porão, trabalho com massoterapia e acupuntura, o
Pollo é artista plástico - http://pollorios.blogspot.com.br/, o Lúcio Agra é professor de faculdade em SP, o
Vicente Tardin trabalha desde aquela época com computador, não sei exatamente o
que ele faz mas sei que é um especialista e está morando em Brasília. Eu e o
Pollo sempre nos mantemos contato, inclusive sou padrinho da sua filha Julia; Com
o Lúcio e o Vicente, voltamos a falar
agora com essa onda de facebook. Na verdade, foi cada um para seu canto. Ce la
vie!
Maurício Porão - Infelizmente não consegui assistir ao Ethiópia
na época: estava por ali nos anos 80, era um punk soturno e solitário. Na
verdade ainda continuo meio que assim só que adaptado ao cenário e,
infelizmente, ao sistema. As quatro músicas... cara, pra mim ainda são muito
importantes pois creio que o tom triste e melancólico delas ainda sublinham
exatamente o mundo e os seres com quem vivemos ao redor. O baixo de Vazio ainda
me serve de referência a algo de errado e muito estranho que se deu com a minha
atual existência e o mundo ainda é uma boa bosta. Porra, eu sei lá o que você
vai pensar ao ler isso mas é isso! Considerações finais e voltemos a
sobreviver!
Pascoal Ferrari - Só tenho que lhe
agradecer meu amigo pela consideração e vamos mantendo contato. Mais uma vez
obrigado e um grande abraço.
Entrevista por Porão
Fotos acervo pessoal da banda
Excelente banda!
ResponderExcluirParabéns ao Blog pela Eentrevista!
Foda!
ResponderExcluirPutz tocaram onde?? quem foi o louco que pos estes caras pra tocarem .... que foda !!
ResponderExcluirtocaram no heavy duty na rua ceará - pça da bandeira rj
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