quinta-feira, 3 de outubro de 2013

cine noia - year of the horse - neil young & crazy horse live

Esse documentário de Jim Jarmush (de novo no noia) contém cenas de concertos da banda de 1996, com bônus de bastidores e alguns momentos gloriosos da música de Neil Young & Crazy Horse. Simplificando: um bando de velhotes grisalhos volta do palco fazendo a festa da galera (empolgadíssima diga-se). 

A qualidade da edição é esplêndida com longa exposição dos sets ao vivo, em versão crua, sem cortes. Detalhes de percepção para "Up Fuckin '" que parece arder através da tela. Os velhos músicos tentam sustentar algum delírio de potência juvenil. Um grupo de homens de meia-idade, liderados por um mal-humorado guitarrista de bermudas largas na altura do joelho e uma T-shirt indescritível. Young é e sempre foi o avô do Grunge, sem sombra de dúvidas, simplificando e banalizando talvez as coisas. Mas a própria falta de encenação autoconsciente traz consigo a implicação de que o que está sendo oferecido é algo puramente musical, mediado por estratégias digitais modernas.  É rock'n'roll puro, como o slogan introdutório explica, "CRANK IT UP".

Jarmusch filmou em Super - 8 num par de datas - num anfiteatro romano, em Vienne, França, e no The Gorge, no estado de Washington. O trato na qualidade do granulado corresponde ao resultado almejado na abordagem desses dois shows somados a cenas de bastidores da banda entre 1976 e 1986 que, juntamente com as entrevistas mais recentes, pontua a música. Está tudo bem costurado: uma discussão nos bastidores de Rotterdam em 1986 entre Young e o baixista Billy Talbot, sobre um suposto mal desempenho musical, de igual para igual, sem ares de "patrão", Young encara um baixista seguro de si e (também) furioso. Uma indicação do fluxo desimpedido de energia dentro da banda? Há uma cena da banda em 1976 queimando flores falsas em um quarto de hotel em Glasgow e ainda um momento curioso e intrigante de Young quebrando a cabeça sobre uma mesa, exausto quando prestes a ser entrevistado por um jornalista.

Longe de ser um set ideal de Neil e a Crazy Horse, trata-se de um fluxo contínuo de boa música separada em oito pedaços de dez minutos. Efeitos técnicos são mínimos e sutis . O momento mais dramático vem durante "Like A Hurricane", que começa de forma habitual e acaba como uma "placa tectônica em deslocamento livre" alternando para uma performance da banda no Hammersmith Oden, em 1976, quando uma banda bem mais jovem e um Neil esbelto e de rosto fino tocando a mesma música. Um surpreendente golpe de cinema que ilustra perfeitamente a ideia "quanto mais velhos ficamos, mais especiais nos tornamos"

Porão



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