sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

cine noia - Cidade Cinza

Cidade Cinza é um trabalho de sete anos do diretor Marcelo Mesquita que começou como registro do trabalho de artistas de rua de São Paulo como Nunca e Osgemeos, que viram seus grafites por muros, paredes e pontes de São Paulo ganhar o mundo como arte legítima, evoluindo para um universo paralelo em que a prefeitura paulista  cobre de cinza os muros que considera “sujos”. Mostra uma cidade que perde sua cor e (tenta) debater sobre a quem pertence o espaço público e até que ponto o poder – independente de partidarismose mantém firme em sua postura tantas vezes equivocada. Vai de encontro (às vezes ao encontro também como o documentário faz questão de expor) com a voz das ruas.

O que fica claro de acordo com os protagonistas de Cidade Cinza é que, acima de tudo, o grafite (pichação? pois o documentário também faz questão de colocar tudo num mesmo contexto e sempre me informei sobre um oceano de distância entre essa duas informações vide  outro documentário polêmico - ) é a expressão de quem não encontra espaço digno, justo e oficial para dizer o que pensa sobre a própria cidade na qual habita. O documentário estabelece uma cronologia dos artistas, mostrando de forma clara seu desenvolvimento e suas influências, o reconhecimento de institutos de arte fora do Brasil, até chegar à encruzilhada atual. A defesa apaixonada de seus trabalhos é justa, digna e natural: existe uma visão muito clara do que a turma reunida no documentário quer mostrar. existe qualidade em demasia indiscutivelmente. A contrapartida é ainda mais sensacional: ao acompanhar os representantes do poder público que fiscalizam São Paulo em busca de grafites (pichações?) para cobrir de cinza, chegamos a um mundo bizarro em que o funcionário da prefeitura assume papel de censor, “crítico de arte” e até curador, determinando com o polegar para cima ou para baixo, alicerçado em seu pequeno poder, quais obras “merecem” ser mantidas e quais, determinadas “feias e sujas”, são levadas ao caminho do esquecimento. Patético, triste e angustiante.




O ponto central é um mural de 700 metros quadrados, na alça de acesso da avenida 23 de maio, que foi apagado pela administração pública em 2008. Com a atenção da mídia e o protesto da elite cultural paulistana, o prefeito Gilberto Kassab ( o então naquele momento), admitiu o “equívoco” de 700 metros quadrados”, (cfe. questionamento de Nunca), e um novo mural foi pintado em conjunto. A “reinauguração”, com direito a muita demagogiapor parte dos donos do poder, que praticamente ignoram as palavras dos artistas ao posar para as câmeras da imprensa, é o ápice captado pelas lentes de Cidade Cinza.



Grafite ou pichação, sujeira ou arte? Secundárias questões, afinal São Paulo  não compreende artistas desse porte ou é uma cidade cuja vocação é para a frieza do concreto - Cinza - ?

 Não há respostas na tela e certeza somente de que de cinza basta a chuva.


pesquisas de informações obtidas em vários sites especializados em cinema e hip hop - realizadas por Porão





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