O diretor de “Tatuagem”, Hilton Lacerda, foi roteirista dos excelentes “Baixio das Bestas”, “Amarelo Manga” e “Febre do Rato”. A trama do filme, inspirada em personagens reais, mostra Clécio Wanderley (Iradhir Santos) dono de um cabaré anarquista e líder de uma trupe teatral - Chão de Estrelas - que se envolve com um soldado Fininha (Jesuíta Barbosa), no Recife de 1978, durante o auge da Ditadura Militar. O longa mostra o conflito entre esse tórrido romance e a repressão existente no país, além de exibir a efervescente cultura pernambucana da época. Destaque para Paulete (Rodrigo Garcia), uma verdadeira drag queen que faz parte da galera do teatro. O ator Irandhir Santos também é a estrela do belo “Som ao Redor”, escolhido para representar o Brasil na categoria Filme em Língua Estrangeira no Oscar de 2014 e que figurou na respeitadíssima lista dos 10 melhores filmes de 2012 do The New York Times. Vencedor de quatro Kikitos no Festival de Gramado, incluindo o de melhor filme, e de cinco Redentores no Festival do Rio, Tatuagem é o primeiro longa de ficção de Hilton Lacerda e levou sete anos para ser realizado. O filme nasceu de uma conversa de Lacerda com o escritor, dramaturgo e cineasta João Silvério Trevisan quando surgiu a ideia de contar a história de um grupo de teatro que foi importante para uma geração inteira, o Vicencial, que teve força de 1972 a 1979.” Anarquistas, eles colocavam discussões de gênero, inquietações políticas, tudo com muita irreverência. Em Tatuagem, no Recife de 1978, Clécio realiza shows repletos de deboche e com cenas de nudez. A principal estrela da equipe é justamente Paulete com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado, o jovem Fininha (Jesuíta Barbosa), que é militar. Encantado com o universo criado pelo Chão de Estrelas, Fininha logo é seduzido por Clécio. Não demora muito para que engatarem um tórrido relacionamento, que o coloca (Fininha) em uma situação dúbia: ao mesmo tempo em que convive cada vez mais com os integrantes da trupe, ele precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura.
Hilton Lacerda acredita que a sociedade atual está escrava “de consequências de políticas conservadoras”, o que tem levado a manifestações recorrentes em todo o país, principalmente Rio e São Paulo.
Como o filme se passa em 1978, tenta-se estabelecer um olhar contemporâneo daquela época: os personagens pensam no futuro que imaginam e em seus discursos, enxerga-se o presente e todas as caretices e aberrações (religiosas entre outros ângulos) que vivemos hoje em dia, explica Lacerda.
pesquisas por Porão
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