Documentário dos diretores John Blair e Tom Phillips, “Dançando com o Diabo" (Dancing with the Devil) gira em torno da rotina do traficante Juarez Mendes da Silva, o Aranha, chefe do tráfico de quinze favelas cariocas, morto pouco tempo após as filmagens. Com sua câmera corajosa, Blair capta, sem julgamentos ou dramatizações, o dia a dia de regiões dominadas pelas diversas facções do tráfico armado em algumas favelas da zona oeste do Rio.
Um dos méritos, tendo em vista que se trata de mais um documentário que aborda a violência e o milionário mercado do tráfico carioca, foi o acesso que Tom Phillips, que é correspondente do jornal britânico The Guardian, conseguiu às favelas da zona oeste, convencendo alguns traficantes a mostrar o rosto.
Junto com o fotógrafo e cinegrafista americano Douglas Engle, Phillips visitou as favelas da região por 18 meses, até ter a confiança dos traficantes, para então registrar, com uma equipe de seis pessoas durante 45 dias, o dia-a-dia nas comunidades, além de colher vários depoimentos.
As vozes principais dos pontos de vistas díspares que conduzem o filme são de Aranha(então chefe do tráfico da Coréia), alguns inspetores com destaque para polêmico o inspetor Leonardo Torres (então Delegacia de Repressao aos Narcóticos) e o pastor Dione, que tenta evangelizar almas perdidas enquanto negocia a paz entre grupos rivais como mediador. Dione foi o intermediário no contato entre a equipe de Blair e o tráfico e seu prestígio e respeito é devido a seu trabalho acolhedor de vítimas de espancamentos.
"Ou eu danço com o Diabo ou caminho com Deus." A frase é de Dione, ex-traficante carioca, convertido e tentando fazer o mesmo com outros marginais envolvidos com o tráfico de drogas na zona oeste do Rio de Janeiro. É daí que vem o título do documentário.
Tudo poderia estar bem delimitado e preciso dentro dos padrões de um documentário gringo sobre a absurda realidade carioca/brasileira mas a vida - ainda mais real do que o nem tão eficaz espaço de tempo cinematográfico - acaba que por escorrer por entre becos, favelas e afins mórbidos: o inspetor Leonardo Torres, popular Trovão, que chamou a atenção de jornalistas a partir da inigualável personalidade transmitida por meio do comportamento “singular” nas operações policiais, ocorridas no Conjunto de Favelas do Alemão em 2007, usando farda camuflada, coturno, capacete e viseira idênticos a de soldados estadunidenses enviados ao Iraque,ganhando admiradores na sociedade e até mesmo página no facebook ; bem, Trovão foi denunciado em 2011, por supostos crimes de corrupção, tráfico de armas, tráfico de informações, estelionato, sequestro e roubo, todos descamuflados e revelados na operação Guilhotina da Policia Federal, a mesma que resultou na soltura de todos os 40 policiais suspeitos.
Não vou me aprofundar sobre os fatos, a proposta do Faith está longe disso e apenas queria falar do documentário que é muito legal e lamentar por não poder ser ingênuo e admirar policiais dedicados, pastores enfocados em sua fé e odiar traficantes como vilões somente e não como uma grande vítima estúpida! Enfim, somos todos vítimas mas que venha a Copa...
tire suas conclusões:
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