quarta-feira, 21 de maio de 2014

o papo é Blues Etílicos - the end - Flávio Gumarães - a Estrela da Gaita -


O gaitista Flávio Guimarães foi o pioneiro em seu instrumento no estilo Blues  aqui no Brasil, quando fundou o Blues Etílicos junto com os outros integrantes em 1986. Ele já tocou com vários artistas e músicos famosos ao longo de sua carreira -  Alceu Valença, Ed Mota, Luiz Melodia, Paulo Moura, Zeca Baleiro, Buddy Guy entre tantos outros do mesmo calibre -  Podemos dizer que durante um tempo a imagem de sua banda era naturalmente associada a sua própria e não dava mesmo para deixá-lo de fora dessa série de entrevistas. Segue a prosa...

entrevista por Porão
foto por Renata Duarte

Porão - Já são oito discos solo praticamente (incluidos a coletânea, o Ao Vivo e o com a Prado Blues Band)! Creio que ao menos no início do Blues Etílicos você era o músico mais conhecido/famoso da banda! Sente-se à vontade com isso? Há alguma diferença de prioridade entre sua carreira solo e a da banda?

Flávio Guimarães - A discografia solo é de 8 albuns, mais uma coletânea. Acho que devido ao ineditismo da gaita diatônica no rock e blues por aqui nos anos 80 e 90 tive uma boa visibilidade e gravei com muita gente bacana. Fui também o primeiro da banda a ter carreira solo. Com o passar dos anos, todos começaram a ter seus projetos paralelos. O Blues Etílicos é a marca forte que ralei muito pra fortalecer, atuando dentro e fora do palco. Ambas são prioridades mas entendo que a marca da banda supera de longe nossos nomes enquanto artistas solo.

Porão - Após tantos anos de carreira em notoriedade o que ainda falta acontecer? Quando começou esperava tudo isso?

Flávio Guimarães - Esse lance de notoriedade é pura ilusão. Está tudo diluído nos dias de hoje e em 2 ou 3 anos qualquer um é esquecido e se bobear vai para o ostracismo rapidinho. Tem muita gente que curte, acompanha nosso trabalho e o processo de evolução da nossa música. Mas 80% da nova geração em geral não está nem aí para o que fazemos.

Porão - Assisti no ano passado ao show do Black Sabbath e, recentemente, ao show de 2007 de reunião do Led Zepellin! Ozzy e Robert Plant são cantores e eventuais gaitistas. Você é gaitista e eventual cantor! Qual a síntese que faz do cantor Flávio Guimarães?

Flávio Guimarães - A gaita tem esse charme. Três notas sopradas de um ícone como esses que você mencionou já ganham jogo. Recebi uma carta do Bruce Iglauer, dono da Alligator Records, a principal gravadora contemporânea de blues dos EUA, sobre meu CD The Blues Follows Me. Ele diz que o que mais o impressionou positivamente foi minha voz. Disse que eu canto e interpreto de forma honesta o que a letra está dizendo, sem a afetação nem impostação exagerada comuns aos cantores brancos. Disse que tenho o feeling certo e que ficou surpreendido ao saber que eu não tinha nascido nos EUA. Existem alguns cantores brancos de blues excelentes mas de fato é impossível superar os caras que realmente criaram essa forma de arte. Os dois grandes pecados dos cantores de blues não nascidos nos EUA são exagerar na interpretação bem como o desconhecimento do idioma. Muitos sequer percebem o verdadeiro sentido das letras, carregadas de metáforas e duplo sentido. De fato me sinto antes de tudo um instrumentista. Raramente canto em casa, nem no chuveiro, mas toco meu instrumento todos os dias.

Porão - De todos os discos lançados, quais voce encara como os mais importantes em sua carreira?

Flávio Guimarães -  Fora do Blues Etílicos, que pra mim é a principal banda de blues rock de fato brasileira, minha parceria com Chico Blues como produtor e os geniais Alamo Leal, Igor Prado, Yuri Prado, Rodrigo Mantovanni, Otávio Rocha, Marcos Kliss, Danny Vincent, Ari Borger e tantos outros com quem tive a sorte de trabalhar em meus projetos solo, proporcionaram resultados musicais que muito me orgulham. Nos projetos futuros terei a honra de contar com Thiago Cerveira, Humberto Zigler e Netto Rockfeller, entre outros. Blues é música de time.

Porão - E quais os músicos que lhe inspiram ontem, hoje e sempre?

Flávio Guimarães - Little Walter, Jimmy Vaughn, Rick Estrin and the Nightcats, Kim Wilson … a lista é grande. Quem quiser conhecer o que escuto pode ver lá nos meus videos favoritos em www.youtube.com/flavioharmonicaMeu projeto mais importante agora são os 30 anos de Blues Etílicos, com muitas surpresas para 2016. CD e DVD comemorativos serão lançados com muita calma e capricho.


mantenha o contexto da coisa:
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/05/o-papo-e-blues-etilicos-quarta-parte.html
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/05/otavio-rocha-o-cara-das-bases-o-papo-e.html
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/04/o-pao-e-blues-etilicos-parte-02.html
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/04/claudio-bedran-o-papo-e-blues-etilicos.html


https://www.youtube.com/watch?v=phGgrPCd7PM

















Little Blues é o primeiro álbum solo gravado pelo cantor e gaitista Flávio Guimarães e conta com a participação de muitos artistas de estilos diversos e famosos no Brasil e no exterior:  Paulo Moura , Ed Motta , Roberto Frejat e Little Sugar. As faixas  apresentam  muitas influências jazzistas

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