quarta-feira, 7 de maio de 2014

Otávio Rocha - o Cara das Bases - o papo é Blues Etílicos - parte 03

E prosseguimos com a série de entrevistas com alguns integrantes da banda mais importante de blues em atividade no Brasil - Blues Etílicos. Dessa vez é o guitarrista Otávio Rocha que expõe sua opinião musical/social sobre vários assuntos. 
entrevista por Porão
foto - Luiz Rodrigues - retirada acervo particular do facebook do guitarrista

Porão - Rapaz, se você tocasse de bermudas e com uma blusa de escola pública do Estado do RJ, poderíamos dizer que se tratava de uma espécie de Angus Young carioca. Eu sei que você curte bastante a banda e a tem como referência. Poderia falar sobre isso?

Otávio Rocha - Bem, sou realmente um fã do AC/DC e compartilho a ideia básica deles de que um bom rock and roll tem que ter muito groove e uma base rítmica forte. Na verdade sou muito fã do Malcolm Young, pois o que gosto mesmo é de fazer uma boa base e quando uma guitarra, um baixo e uma bateria se encaixam num groove forte, não tem nada mais poderoso. Em geral, guitarristas preferem solar e eu até gosto, mas fico entediado comigo mesmo depois de 03 chorus de solo, rs...tipo: pô,  essa frase de novo Otávio?" Mas na real: sou um cara essencialmente da cozinha, tanto que meu primeiro instrumento foi a bateria. Separo o que eu gosto de ouvir do que realmente me influenciou e são coisas separadas na minha opinião. Em geral, o que me influenciou vem da infância e adolescência: sensações que eu tive ouvindo determinadas músicas que procuro sentir quando toco e que espero fazer quem estáá ouvindo sentir a mesma coisa. Então nesse sentido, sou mais influenciado por algumas músicas e pela sensação que ela me causou em algum momento. Johnny Winter com certeza está no meu portfolio: eu achava que se tocasse guitarra slide que nem ele, seria o cara mais foda do mundo.rs Tem o disco ao vivo do Muddy Waters, de capa preta, esse com certeza me influenciou demais! Algumas musicas do Bad Company, como Simple Man também! Rory Galagher me influenciou muito no slide: ouvi o Live in Europe muito quando criança; depois de mais velho, um cara que me influenciou muito foi o Albert King; fiquei uns 2 anos imerso no som dele. E pra quem quer fazer um bom bend, acho importantíssimo ouvi-lo! Não é pra copiar, porque nunca fui muito bom em copiar, mas pra pegar as ideias que dão certo na música. Robert Nighthawk também mudou meu jeito de tocar slide: depois de "rodado", ele influenciou o Earl Hooker, que por sua vez, foi a grande influência do Mick Taylor e você pode ver o elo no jeito que eles fazem o vibrato no slide; e claro, os baseiros que eu sempre curti, são os meus prediletos: Pete Townsend, Malcolm Young, Chuck berry, John Lennon...ah sim, no Brasil, o Lulu Santos foi um cara que vi tocar slide e que me fez ter mais vontade de tocar aquele lance;  Jimmy Vaughan não pode faltar nessa lista também: as bases e os solos são perfeitos e uso sempre ele como referência também, modestamente falando, é claro! 

Porão - Infeliz coincidência: justamente quando estou entrevistando vocês, parece que algo sério em relação à saúde do Malcom ocorreu. Você sabe o que realmente está acontecendo?

Otávio Rocha - Hum, o que eu sei é o que apareceu na imprensa né? Mas realmente espero que ele fique bem o mais rápido possivel!

Porão - Você tem uns projetos paralelos ao BE né? Fala sobre eles por favor.

Otávio Rocha - Meus projetos paralelos ao Blues Etilicos são sempre com bandas pois sou um cara de banda mesmo. Uma é a Blues Groovers, com o Ugo Perrota e o Beto Werther, que eram a cozinha do Big Allambik. Já gravamos e tocamos com vários artistas, deixa ver se lembro: Alamo Leal, Mauricio Sahadi, Flavio Guimarães (ao vivo, eu acho um discão, foi num teatrinho em Niteroi e quando ouvimos o show, que foi gravado apenas como registro, decidimos que teria de virar disco), Rodica Blues (uma cantora americana que mora no Brasil), Angelo Nani e o último com o Cristiano Crochemore, que vem sendo super elogiado. Toco também todas as quintas no Bar do B no Rio, com o Charles Zanol na voz, Cesar Lago no baixo, Marco Tomasso no piano, Beto Werther na batera e o Cris Crochemore na outra guitar. Sou um cara de sorte: toco com amigos e ótimos músicos. Não posso deixar de mencionar o disco solo do Ricardo Werther, irmão do Beto. O Ricardo era um dos meus grandes amigos, uma figura incrível, dentro e fora dos palcos.Tinha um ouvido perfeito (o Beto também aliás) e o disco dele eu acho realmente muito bom! Demoramos pra encontrar o som dele sabe? A paisagem sonora que você quer passar. A gente se falava todo dia mandando músicas um pro outro até conseguirmos achar a sonoridade que queríamos. Quem puder adquirir vale a pena!  Penso nele quase toda semana. Era um cara engraçadíssimo e ainda manjava bastante de computadores!

continua...


parte 02:
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/04/o-pao-e-blues-etilicos-parte-02.html
parte 01:
http://faith-on.blogspot.com.br/2014/04/claudio-bedran-o-papo-e-blues-etilicos.html

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