sábado, 23 de agosto de 2014

...é, voltei e foda-se: trata-se de uma missão!

The Mission - T.Odisseia - by Porão
Bem, cerca de alguns dias (meses?) atrás, postei um texto - http://faith-on.blogspot.com.br/2014/07/the-eternal.html , bem emocionado, sobre o fim deste blog (pode ser lido ainda pois é o post exatamente anterior a esse). Afirmo, reafirmo e sempre serei incisivo quanto à retórica de que estava sendo sincero com a minha decisão. Acho que, inclusive, ainda tenho os motivos para tal atitude. Coisas particulares que não devem ser expostas nem mesmo num blog.  Só que, recentemente, estive num show da banda The Mission (uma das que eu mais  gostava em época de descobrimentos e vivências em subculturas góticas, punks, pós punks, darks ou o que valha, lá pelos idos anos 80`s/90`s) num show no Teatro Odisseia. Aquele híbrido de emoção, melancolia e  saudade, envoltas em decadência, prazer e descaso por alguma nobreza de motivo. Acho que foi isso que o The Mission me passou no show do Odisseia.

Diga-se, o The Mission que assisti boquiaberto na beira do palco em 1988, em finado Canecão, num show histórico e inesquecível, também conseguiu me emocionar agora em 2014, quase trinta anos depois, no minúsculo palco do Teatro Odisseia e que na minha humilde opinião funciona como um Garage versão anos 00 mais engomadinho.

Bem, meu camarada Marcos Bragato me solicitou algumas fotos para o seu gabaritadíssimo www.rockemgeral.com.br. 

Não havíamos combinado nada à respeito anteriormente e o fato é que não sei mais fotografar shows de forma fotojornalística (com flash e enquadramentos convencionais) . Aliás, acho não sei mais fotografar nada além de "gostosas no escurinho" despidas ou semidespidas e meu interesse pelo mundo jornalístico cada vez mais vai se diluindo (pois também pouco tenho tesão para escrever sobre shows e/ou outros assuntos...)

"Mas então, qual seria o motivo do retorno do Faith, Porão seu babaca contraditório?" Talvez seja a pergunta sensata a ser feita a mim mesmo? 

E  resposta: não tenho respostas e  apenas deu vontade de voltar. Fiquei realmente emocionado com o Mission no Odisseia e a questão da decadência tomou outra valoração nas minhas "concepções". Acho mesmo que uma certa missão existencial deve ser levada à frente. Tem também a coisa da banda OCaso ter iniciado os trabalhos "levando" versões lindíssimas do Violeta de Outono (minha banda brasileira predileta) e do Joy Division (minha banda "gringa" existencial). Ou seja, simbolicamente, uma noite  icônica e importante, assim como foi meu texto de despedida feito no dia de aniversário de anos (e não de morte) de Ian Curtis há alguns meses atrás. Mas há a falta de um motivo mais coerente? Sim, sem sombras (ou com muitas no meu caso) de dúvidas e creio que ninguém vai deixar de dormir com o meu retorno não é mesmo? Além de que sempre vai ter uma gata estilosa por aqui (pois quanto a esse tema específico, ainda tenho muita criatividade pra queimar e alegrar os admiradores de minhas fotos esquisitas! (Arte?). Isso eu garanto...

Segue a matéria do Brag´s na íntegra (mais uma obra prima em texto) ornamentada com algumas fotos "escuras e não convencionais" minhas. O Faith é único lugar onde as imagens desse tipo de show podem ser  feitas e publicadas assim dessa forma sem nexo (ou dentro do meu nexo particular...Existe isso?) Faço questão de manifestar meu total respeito pelo fotógrafo Daniel Croce que ilustra a matéria/resenha do Bragato em seu post original.

Maurício Porão - o dúbio!


O Homem Baile 
Sobe e desce

Com formação (quase) original, The Mission relembra era de ouro em show de altos e baixos no Teatro Odisséia, no Rio. 

Texto: Marcos Bragato
Fotos: Maurício Porão

Post original - http://www.rockemgeral.com.br/2014/08/22/sobe-e-desce/ publicado em agosto 22, 2014

The Mission - Teatro Odisseia - inverno de 2014 - by M.Porão

Quem disse que pedir música em show de rock não dá certo? Pois ontem, no Teatro Odisséia lotado, no Rio, uma espevitada moçoila teve o seu atendido quando viu Wayne Hussey, do The Mission, incluir inesperadamente a balada romântica “Stay With Me” no repertório da noite. Ok que tenha sido no bis e com o vocalista cantando mal pacas, sozinho, feito um trovador solitário demodê, mas não se pode ter tudo na vida. Outra novidade no set foi a inclusão da dramática “Belief” – com a banda toda -, que não vinha sendo toca nos shows e tomou o lugar de “Blood Brother”, já no bis. Pelo título das músicas já se percebe que a noite, fadada a recordações, cumpriu o que prometia: matar a saudade, do jeito que dava, de quase 30 anos atrás.
OCaso - by M.Porão

Isso porque o show de 1988 segue gravado na memória dos fãs cariocas a ponto de eles esquecerem que, em 2000 (fotos aqui, aqui, aqui e aqui), o grupo fez uma apresentação discreta em um então Metropolitan praticamente evadido. Em 88, no Canecão lotado, não. Era a turnê do segundo álbum, “Children”, e a banda, afiadíssima, apresentou em primeira mão três músicas que estariam no terceiro, “Carved In Sand”, entre elas a mesma “Belief” e “Deliverance”, também tocada ontem. São os shows do Echo And The Bunnymen sempre os lembrados como o must da época, mas bandas afins, também em grande fase percorriam o Brasil, como o Mission, que açambarcou todo mundo em uma apresentação do mesmo nível. Daí a noite desta quinta estar sujeita a fartas emoções.

É a turnê que reúne três quartos da formação original, tendo só o batera Mark Kelly como
W.Hussey - by Porão
neófito, e, por isso mesmo, o repertório é recheado de clássicos das antigas, além de quatro músicas do novo álbum – sim, eles gravaram um! -, “The Brightest Light”, que saiu no ano passado. Dessas, as melhores são “Black Cat Bone”, que abre a noite, e “Swan Song”, a do videoclipe (veja aqui), que funciona muito bem ao vivo ao engrenar um crescente instrumental contagiante, no encerramento da primeira parte. Mostra a banda em boa forma ao compor material novo e que a tal química entre ao trio remanescente permanece após tantos anos. É mantido o élan gótico que inclui luzes embaçadas com foco no público, óculos escuros – o do guitarrista Simon Hinkler parece o mesmo da década de 80 – e camisas negras de mangas compridas com punhos e colarinhos fechados, exceto Hussey, cujo modelito parece ter sido comprado na Ducal, mas ao menos ele conserva as unha pintadas de preto.

Pode não ter sido corretamente registrado nos anais do rock, mas poucas bandas tiveram integrantes que tiram o som de um instrumento de forma tão singular como o Sisters Of Mercy, e, por conseguinte, o Mission. O segundo nasce da bifurcação do primeiro e tem as raízes desenvolvidas para um segmento mais rock (e menos eletrônico), sem, contudo, deixá-las – as raízes - de lado. Poucos baixistas tocam como Craig Adams como se vê em “Naked And Savage” ou em “Belief”, e Simon Hinkler é o herdeiro natural do timbre de guitarra de sotaque minimalista que Gary Max e o próprio Wayne Hussey criaram no Sisters, com o plus de ainda embicar os solos que o rock pede. Como se vê em “Beyond The Pale” e na ótima “Butterfly On a Wheel” (os solos), a primeira a empolgar, ou em “Severina” (o riff e o minimalismo), só para citar três dos pontos altos da noite. Hussey sai do Sisters para ser o frontman carismático, e agora Mark Kelly vai muito bem (onde andará Mick Brown?), basta ver na passagem mini-solo de “Wasteland” ou na difícil pegada de “Tower Of Strenght”, no final.

Ocaso - by Porão
Se existem pontos altos, há os baixos. Algumas músicas, com o impulso de um som em princípio excelente, mas depois em um volume fritante de tão alto, desandaram. E não só por isso. “Garden Of Delight” e toda a sua beleza intersecionista com o Sisters, por exemplo, teve trechos difíceis de serem identificados até pelos adeptos mais dedicados. Wayne Hussey, também, tem voz oscilante e usa muitos ecos, a ponto de quase estragar a excepcional e consagrada cover para “Like a Hurricane”, de Neil Young. No final, o vinho chileno que era pra ser argentino faz efeito e o vocalista desanda a se dependurar perigosamente nas caixas de som enquanto o trio esmerilha os instrumentos e destrói acessórios. Poderia ser um emblema de atitude rock’n’roll, mas a imagem de Hussey esparramado no chão a gritar com o microfone na boca soa mais como decadência. Mas é o que tem o cardápio atual do Mission, e, a despeito da formação (quase) original, o show, bem melhor que o de 2000, semeia ainda mais saudade daquele de 1988.


Set list completo:

1- Black Cat Bone
2- Beyond the Pale
3- Serpent’s Kiss
4- Naked and Savage
5- Sometimes the Brightest Light Comes from the Darkest Place
6- Garden of Delight
7- Severina
8- Butterfly on a Wheel
9- Everything but the Squeal
10- Like a Hurricane
11- Wasteland
12- Swan Song
Bis
13- Stay With Me
14- Like a Child Again
15- Belief
16- Deliverance
Bis
17- Tower Of Strength

OCaso - Inverno 2014 - by M.Porão
Surpreendeu na abertura o Ocaso. Considerando que o grupo hoje faz apresentações eventuais, a boa forma e o entrosamento entre os músicos foi o ponto forte do show, que durou uns 40 minutos. Além do repertório próprio, de conotação gótica oitentista – e, portanto, afim à noite – o quinteto tocou ainda covers de Violeta de Outono (“Dia Eterno”) e de Joy Division, muito embora “Atmosphere” não tenha sido identificada pela plateia de primeira. Que, diga-se, recebeu o grupo de braços abertos, coisa não muito comum em shows de abertura. Ou seja, os caras podem tocar mais vezes que o público garante.


obs: durante esse tempo de ostracismo do Faith, fui a alguns showzinhos legais que passaram batido por aqui. O www.rockemgeral.com.br  como sempre cobriu todos eles e gostaria de mencioná-los pois foi uma curtição só:

Black Label Society (abertura Statik MajiK):

http://www.rockemgeral.com.br/2014/08/09/curto-mas-intenso/

Ratos de Porão + Dead Fish +Test:

http://www.rockemgeral.com.br/2014/08/03/insuperavel/





The Mission - Teatro Odisseia - foto by Porão


The Mission - Teatro Odisseia - foto by Porão

The Mission - Teatro Odisseia - foto by Porão

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