TEXTO: MARCOS BRAGATO
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FOTOS POR MAURÍCIO PORÃO
POST ORIGINAL:
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Cavalera Conspiracy - Circo Voador 11 de Setembro de 2014 - foto por M.Porão |
Foi uma noite daquelas. Daquelas de lembrar os áureos tempos do Caverna 2 e do próprio Circo Voador, em sua versão mais acanhada, mas não menos histórica. Caverna que foi berço do Sepultura no Rio e que foi lembrado por Max Cavalera, ator maior da celebração, onde, tal qual um Messias da “missa negra” que faz Arnaldo Jabor tremer nas ceroulas, lançou água benta, profetizou, cutucou Jah com vara curta e, por fim, agradeceu extasiado. Era para ser apenas mais um show da extensa turnê do Cavalera Conspiracy no Brasil, que muitos acreditam ser o “verdadeiro Sepultura”, mas, com a moldura de Krisiun, Confronto e Test (veja como foram os shows), foi muito mais que isso. Foi, de verdade, uma noite daquelas.
Cavalera Conspiracy - Circo Voador 11 de Setembro de 2014 - foto por M.Porão |
Que o Cavalera está perdendo a chance de tocar as músicas do novo álbum, “Pandemonium”, que sai em novembro, já se sabe desde a estreia da turnê em Brasília, no show do Porão do Rock (veja como foi). Mas, de lá para cá, essa formação do Cavalera melhorou muito, à custa justamente dos shows dessa turnê. O entrosamento do grupo no palco é latente, e Iggor, sempre uma incógnita, está recuperando a forma rapidamente, numa prova de que, se largar a preguiça de lado, pode se aproximar muito daquele baterista fantástico de 1996 que deixou o mundo de queixo caído. Do álbum “Pandemonium” (saiba mais), duas músicas foram tocadas como em toda a turnê, “Babylonian Pandemonium” e “Banzai Kamakazi”. Na primeira, Max faz o público cantar o refrão quase à capela, e, na segunda, precedida por uma jam de “reggae pesado” já no final da noite, a postura da plateia é mais contemplativa do que de aprovação.
Porque, no fundo, no fundo, o que o povão quer é ver os clássicos do Sepultura na voz de Max e com os dois – ele e Iggor – fundadores do grupo brasileiro mais bem sucedido no exterior de que se tem notícia. A banda adota o artifício do pot-pourri, juntar uma ou mais músicas nas outras, e é só o público sacar de qual se trata para iniciar rodas de dança destruidoras. Quem consegue ficar imune, por exemplo, à introdução de bateria da ancestral “Tropos Of Doom”? Ou na cavalar “Arise”, que tem a participação do vocalista/guitarrista do Test, João Kombi? E tudo tocado em uma velocidade descomunal, daí a recuperação da forma de Iggor ser mais que necessária, indispensável para uma apresentação matadora. Que diferença em relação à Brasília, que diferença.
Cavalera Conspiracy - C.Voador - 11/09/2014 por Porão |
Mas Max Cavalera tem que tomar cuidado para as suas bandas não virarem genéricas delas próprias. Em disco, é fácil constatar que o Soulfly é world metal e o Cavalera uma tentativa de resgate do metal de raiz tosco como era no Brasil da década de 80. Ao vivo, e com as duas bandas com a mesma formação (à exceção de Iggor que só toca no Cavalera), a coisa se confunde. Para piorar, há ainda o repertório do Sepultura que é rigorosamente o mesmo tocado por Soulfly e pelo CC, e bem parecido com o do próprio Sepultura. Max tem 30 anos de estrada e atualmente lança um disco por ano. Material é o que não falta.
Cavalera Conspiracy - Circo Voador 11 de Setembro de 2014 - foto por M.Porão |
Talvez por isso na volta do bis Max tenha tocado a parte inicial de “Orgasmatron”, do Motörhead, música que marcou uma época boa do Sepultura e que jamais retornou ao repertório dos shows desde a separação, e lá se vão 18 anos. O desfecho de cerca de hora e meia de show é óbvio, mas o certo é que jamais existirá uma música como “Roots Bloody Roots”, e, instintivamente, todos ali sabem disso. Marca de uma época, composta por uma banda em ponto de bala e atenta á tudo que acontecia em volta na movimentada cena musical, a música tem o groove mais forte do metal em todos os tempos, e é ele que impulsiona, sem que o público se dê conta, um espetáculo de transe metálico daqueles que conecta Max Cavalera aos seus espíritos mais fiéis. Um desfecho e tanto para uma noite daquelas.
Set list completo:
1- Inflikted
2- Warlord
3- Torture
4- Beneath The Remains/Desperate Cry/Troops Of Doom
5- Sanctuary
6- Terrorize
7- The Doom Of all Fires
8- Wasting Away
9- Babylonian Pandemonium
10- Arise/Dead Embryonic Cells
11- Killing Inside
12- Refuse/Resist
13- Territory
14- Black Ark
15- Banzai Kamakazi
16- Innerself/Atitude
Bis
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