Faith-ON: Behemoth e Gangrena Gasosa no Circo Voador

texto e fotos de M.Porão

obs: M.Porão é carioca com muito orgulho e agora resolveu expor, também de forma orgulhosa, seu sobrenome Bezerra, oriundo de suas origens nordestinas; após as eleições de 2014, se tornou explícito que 50% de brasileiros não gostam de nordestinos...então faço questão de me colocar como integrante e simpatizante da outra metade, detestada principalmente pelas classes médias altas de São Paulo e Sul do Brasil - eu disse principalmente, pois tem de tudo nesse contexto xenofóbico, inclusive no próprio Rio de Janeiro) https://www.facebook.com/mauricio.porao.

Em princípio soou meio estranha essa combinação de Gangrena Gasosa - uma banda extremamente "chutação de balde a apologias satânicas e/ou afins que sempre encarou a "coisa" de forma debochada e muito engraçada - dá um confere aqui : http://faith-on.blogspot.com.br/2014/11/desagradavel-gangrena-gasosa.html - abrindo para a banda polonesa de black/death metal Behemoth - cujo líder e mentor, Nergal (vocal/guitarra), encara toda essa temática de forma extremamente embasada e compromissada. Digamos que são duas formas opostas de se encarar o "cramunhão".

Creio que não vem ao caso (não mesmo), para qual lado se direcionava a simpatia filosófica de cada uma das pessoas que se encontravam no Circo Voador - estamos numa DEMO(opa!)cracia laica e o que ficará na memória daquela noite de 09/11/2014 será simplesmente a de um dos melhores shows de música extrema já presenciados na capital carioca: o set da Gangrena, um pouco mais curto do que o convencional, por motivos óbvios, porém perfeito, serviu de aperitivo para uma performance impecável dos poloneses do Behemoth que celebravam 23 anos de gloriosa carreira com o lançamento do aclamado novo álbum “The Satanist”, que vendeu mais de 10 mil cópias nos EUA logo na primeira semana e estreou na nº 34 posição no “The Billboard 200 chart”.

O Black metal desenvolvido pelo Behemoth combina um misto de elementos simbólicos: imagens, máscaras, produção e apuro técnico instrumental diferenciados que destoam de outros ícones contemporâneos ou até mais antigos - entenda-se Marduk, Mayhem, Watain - uma lista realmente infinita de tantas bandas que carregam a bandeira de Lúcifer - Penso que paira uma certa postura política sobre a banda, devido ao fato de serem poloneses e não suecos, finlandeses e/ou noruegueses, permitindo uma postura menos misantrópica e mais filosófica de fato. Resumindo: uma banda originalmente mais simpática e humilde para um contexto musical tão radical.

Esta sonoridade quase death metal com influências de culturas orientais, extremamente pesada e bem trabalhada que é admirada no mundo inteiro também tem sua parcela de admiradores até mesmo numa cidade contraditória como o Rio de Janeiro. Num Circo Voador não necessariamente lotado, porém longe de estar vazio para uma noite de domingo, foi possível presenciar um excelente show de Black/Death Metal .

Hoje o Behemoth é conhecido e admirado por muitos fãs de metal extremo em todo mundo e The Satanist pode ser considerado um trabalho relativamente curto com "apenas" nove músicas e elementos que vão do death ao black e brinda os ouvintes com pequenas obras-primas. Algumas delas foram despejadas no set do Circo como “Blow Your Trumpets Gabriel”, a sensacional “Messe Noire” (com um solo de guitarra arrebatador), além da sensacional faixa título que abre o show.

São vários discos complexos e diferentes mas infelizmente eu só conhecia as músicas de The Satanist e algumas dos álbuns Zos Kia Cultus e The Apostasy, além de um show full no Hellfest 2014 que encontrei no youtube (sempre ele).

Behemoth by M.Porão

Em agosto de 2010 o líder, Nergal, foi diagnosticado com leucemia e , com muita fé em Satanás, um doador foi encontrado e o líder do Behemoth foi submetido a uma cirurgia de transplante de medula em janeiro de 2011. A banda teve de ficar em segundo plano. The Satanist marca o retorno vitorioso de uma banda excelente que além de Nergal, ainda conta com Seth (guitarra), Orion (baixo - gigante em todos os sentidos pois o cara é enorme) e Inferno (bateria).

E foi justamente essa excursão de The Satanist que passou pelo Brasil. Bem, além de citar que uma outra banda nacional - Tellus Terror - inciou os trabalhos e , paras os mais engajados nas causas metálicas , parece ter agradado bastante, já não há muito o que se falar! Enfim: valeu cada centavo e segundo gastos naquela ode satânica!

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