Com curadoria de Diógenes Moura, o fotógrafo André Gardenberg revela, em grandes paineis, a poesia imagética do universo pantaneiro em todos os seus matizes. Com cenografia e sonorização apuradas, a exposição leva o espectador aos rincões do pantanal em busca de seu ritmo delicado, simples e brejeiro.
Com entrada franca, parte desse acervo pôde ser vista pelos cariocas na exposição ‘Perto do Rio Tenho Sete Anos’, de 22 de outubro a 22 de dezembro de 2014, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). .
A poesia de Manoel de Barros em imagens
por
BEATRIZ INHUDES
post original:
http://odia.ig.com.br/diversao/2014-10-18/andre-gardenberg-abre-mostra-no-centro-cultural-banco-do-brasil.html
Rio - “Quer fotografar minha poesia, pode ir no seu quintal.” Encantado e encorajado pelas palavras de Manoel de Barros, para muitos o maior poeta brasileiro vivo (ele tem 97 anos), o fotógrafo André Gardenberg partiu em busca de traduzir em imagens o universo que serve de cenário para a obra de Barros: Mato Grosso do Sul. Em 2012, desembarcou em Cuiabá para uma expedição de dez dias. E se era para procurar no seu quintal, Gardenberg foi também ao Jardim Botânico e ao Parque Lage. Das investigações nasceram cinco mil fotografias.
“Primeiro, eu escolhi Manoel de Barros, depois, Mato Grosso do Sul e os demais lugares. A simplicidade da sua poesia me encantou; mexe com o menino que tem dentro da gente, sabe?! Ele enxerga beleza nas coisas mais singelas e transforma em palavras o que vê ou imagina. A minha ideia foi devolver aos versos as imagens que sua poesia me proporcionou”, explica Gardenberg, que vem de duas mostras bem-sucedidas — ‘Arquitetura do Tempo’ (2001), uma visão crítica sobre o envelhecimento nos dias atuais, e ‘Arquitetura do Medo’ (2009), sobre violência.
Ao todo, 45 fotografias são apresentadas em grandes painéis, de forma individual ou em polípticos. E além das imagens, o público ainda poderá ouvir trechos de poemas de Manoel de Barros na voz do ator Pedro Paulo Rangel. Como este: “(...) Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão.”
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