A ùltima fatia do Bolinho

Na última parte da entrevista com o Bolinho da banda KOPOS SUJOS foi inevitável não sentir um certo tom de "fim de festa". Justamente numa abordagem de retorno! Bem, o Faith fez sua parte e torce para em breve estar comentando sobre algum evento do qual a banda tenha participado.

 

 

entrevista por Porão

fotos - acervo KS

 

 

O Carnaval está aí! Curte essa data?

Então, eu demorei a entender o Carnaval, ou ao menos a sentir afetivamente o quão forte ele pode ser. Hoje em dia eu curto e gosto de ir pros blocos, mas não qualquer bloco. Bloco lotado, no estilo pegação, não rola. Mas eu realmente acho que ser feliz sem motivo por 5 dias em um contexto tão opressor como o que vivemos é um ato revolucionário. A velha e batida dicotomia “ah, o povo se fode e depois brinca” é um puta argumento "reaça" que mascara uma pretensa visão de vanguarda, como se deixar de ser feliz por 5 dias fizesse as pessoas serem mais conscientes e combativas. E os blocos cada vez mais se autonomizam, riem da prefeitura, se auto organizam independente do Estado e de autorizações, ocupam as ruas com musica, arte e alegria. E mais recentemente muitos blocos usam a música para criticar o Estado e a política muito, MAS MUITO mais que grande parte da cena underground. Ouvi poucas bandas que falaram dos movimentos de 2013 ou mesmo se engajaram e foram pra rua. Mas a galera dos blocos estava lá, tocando, sacaneando a polícia, animando as marchas. Acho que o Carnaval me ensinou que sem alegria, nem a raiva sobrevive.


Pode falar sobre o projeto APAFUNK, bloco do qual você é membro? 

Eu entrei de convidado. A APAFUNK é a associação de profissionais e amigos do Funk, criada para lutar pelo direito dos profissionais envolvidos nisso de trabalharem sem ser criminalizados. No Rio de Janeiro o funk se tornou o demônio que serve de bode expiatório para qualquer coisa ruim que aconteça, mas quer queira quer não, é o que toca nas favelas e a classe média e as vanguardas tem que engolir. A proposta do bloco é tocar os funks antigos, dos anos 90, com uma pegada mais de falar da comunidade e da vida na favela e tocá-los em ritmo de samba. Nosso desfile será dia 20 de Fevereiro, Sexta Feira, no Largo da Carioca a partir das 18:00 hs.

E o que temos de previsão de shows para o KS agora em 2015?

Cara, não temos muita previsão não. Ensaiamos uma volta mas esfriou. Vamos lançar o disco novo na web e, por hora, é só.

Se tivesse de ficar alguns meses numa ilha deserta com um Ipod de energia reciclável o que não poderia faltar no aparelho?

Ramones, Cólera, Dead Kennedys, Fugazi, Bad Religion, Cartola e Smiths.

Onde está o público do KP então? E os membros?

Eu sempre me pergunto isso: onde está esse público que nunca aparece?? rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr.
Nós somos da zona sul e norte do Rio. O Davi mora na Tijuca e eu e o Marcelo na zona sul.

Livre: solta o verbo!

Vai Mengão!!
Abraços Porão!