terça-feira, 18 de agosto de 2015

coisas da Vice:Fotos Sombrias da Sérvia Pós-Iugoslávia


Um parque de diversões no centro de Pristina, Kosovo. Junho de 2008.

Matt Lutton é um fotógrafo premiado que vive atualmente em Seattle e é membro do Boreal Collective. Matt vai palestrar no sábado, 16 de agosto, em Toronto, como parte do Boreal Bash.
Essa série de fotos, que surgiu dos seis anos em que trabalhei e morei nos Bálcãs, é minha resposta pessoal à atmosfera confusa da região. Eu me mudei para Belgrado em fevereiro de 2009 e morei lá até este ano.

Durante meu tempo na área, fotografei detalhes da sociedade que refletem e minam os mitos de criação populares sérvios. Muitas dessas questões estão enraizadas na complicada frase "Só a União Salva os Sérvios", popular na narrativa de manipulação política das massas durante a desintegração da Iugoslávia e a guerra que arrastou esses lugares para o vácuo. A Sérvia ainda está se recuperando do estresse pós-traumático daqueles anos, o que gerou uma confusão nacional sobre identidade, mas também um produtivo caminho adiante.

Concentrei-me em diversos objetos dentro da paisagem sérvia que estão longe da realidade defendida pelos políticos. Os jovens estão crescendo numa atmosfera dividida e incerta; assim, eu queria captar essa essência para que pudéssemos considerar as implicações disso na região dos Bálcãs que será comandada por essa geração. É impossível analisar ou entender qualquer evento lá sem considerar primeiro suas raízes históricas. Quero explorar e entender as partes da sociedade de hoje sobre a qual a próxima geração vai ler nos livros de história. O que está acontecendo agora nas ruas e nas negociações políticas vai ter um impacto profundo na estabilidade regional no futuro.

Muitos elementos contribuem para a atmosfera hostil e, às vezes, desesperada da região hoje. Mas também há momentos que mostram cura e a visão de um futuro diferente do que muitos viram na última década. Os problemas crescentes dessa democracia em desenvolvimento devem continuar a ser cuidadosamente documentados e explorados; além disso, as batalhas dos anos 90 ainda não se apagaram definitivamente. Experimentei uma apatia e falta de compaixão alarmantes em muitos jovens pelos Bálcãs; logo, eu espero confrontá-los diretamente com uma imagem diferente dos países e das histórias que eles herdarão.

Veja mais fotos do Matt no site dele ou siga-o no Instagram.

Os famosos pássaros negros de Kosovo em voo sobre Mitrovica na noite do primeiro aniversário da independência de Kosovo da Sérvia. Fevereiro de 2009.

Um jovem é preso pela polícia num parque no centro de Belgrado depois de um confronto iniciado horas antes pelo indiciamento do criminoso de guerra Ratko Mladic, capturado na Sérvia. Maio de 2011.


Um jovem andando de bonde em Belgrado. Dezembro de 2010.

Familiares das vítimas de Srebrenica se reúnem no memorial Potocari para enterrar os restos de seus parentes. Julho de 2009. 

Kosovares comemoram um ano de independência na Rua Madre Teresa, em Pristina. Fevereiro de 2009.
Produção de rakija no vilarejo de Trudelj, Sérvia. Novembro de 2011.
Um cemitério ortodoxo sérvio inundado em Samac, Bósnia e Herzegóvina. Maio de 2014.
Um soldado sérvio bêbado durante a festa de Ano Novo em Belgrado. Janeiro de 2011.
Um garoto do assentamento Stara Gazela brinca, enquanto o resto do acampamento roma espera os oficiais do governo que irão desocupar o lugar em Belgrado. Agosto de 2009.
Um retrato de Jesus numa casa em Stara Gazela, Belgrado. Agosto de 2009.
Uma mulher chora enquanto sua família e funcionários municipais colocam seus pertencem em caminhões municipais durante o desmanche do acampamento Belville, em Nova Belgrado. Abril de 2012.
Uros Popovic acende seu cigarro nas brasas de uma fogueira de véspera de Natal em Velika Hoca, Kosovo. Janeiro de 2011.
Um túmulo destruído num cemitério ortodoxo sérvio no sul de Mitrovica que é controlado pelos albaneses. Março de 2011. 

Uma cabana de pesca no centro de Belgrado, na confluência dos rios Sava e Danúbio, com vista para a Ilha Grande Guerra. Fevereiro de 2010.

Tradução: Marina Schnoor

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