domingo, 19 de junho de 2016

Recomeço?

Com material inédito e formação original, De Falla mostra vitalidade e renovação em show explosivo no Rio.

Texto: Marcos Bragatto

Fotos: Nem Queiroz.


postagem original: http://www.rockemgeral.com.br/2016/06/19/recomeco-4/ 

A atitude do vocalista Edu K, que solta a voz  com o visual dreadlock da fase atual do monstro De Falla
A atitude do vocalista Edu K, que solta a voz com o visual dreadlock da fase atual do monstro De Falla
O clima é de reencontro de velhos amigos em numa nova casa com boa vontade para o rock na Lapa de música ruim dos últimos tempos. A música, dentro do La Esquina, na noite deste sábado (18/6) é boa, e o ritmo é de festa e de celebração, mesmo com todas as intempéries de um local acanhado e difícil para quem já está na ativa há mais de 30 anos. Mas a estrada do De Falla nem sempre foi bem pavimentada e é por isso que o quarteto não está nem aí para o zumbido no ouvido ou para o choque na boca. É uma música colada na outra e que se faça a limonada. A formação, se não é a clássica que esteve ali do lado no Circo Voador, há três anos (relembre), pode ser chamada de original com o reingresso de Carlo Pianta no baixo, mais conhecido, contudo, pela Graforréia Xilarmônica.
E há, sim, novidades, porque o De Falla está em turnê de lançamento do álbum “Monstro” (links para ouvir no final do texto), o primeiro em 14 anos e que cede nada menos que oito músicas ao repertório da noite. “É como se fosse um recomeço, reencontrar todos vocês aqui e olhando pro futuro”, diz o vocalista Edu K entre uma e outra tirada, verificando que o que o show tem de saudosista, guarda também de certa renovação, e sem cara feia de um público que assina cheque em branco para a banda deixando de lado melindres do tipo “toca as antigas”. E olha que “Monstro”, o álbum, é disparado o mais retilíneo e menos enlouquecido para uma banda liderada por um doidivanas mutante de carteirinha. Mas é também um apanhado de boas canções que funcionam muito bem ao vivo, sem deixar lacunas na habitual performance explosiva.
O guitarrista Castor Daudt faz a segunda voz junto com Edu K, no show de lançamento do álbum 'Monstro'
O guitarrista Castor Daudt faz a segunda voz junto com Edu K, no show de lançamento do álbum 'Monstro'
A suave “Veneno”, uma das melhores da nova safra, embala bem o público depois que “Timothy Leary”, psicodélica já no nome, é dose homeopata certa para o início da noite. A música soa como um benéfico resquício da produção de Edu K no disco mais recente do Cachorro Grande, de viés mais eletrônico/viajandão (saiba mais). “Monstro”, no palco mais ainda, reforça o trabalho de guitarras de Castor Daudt, quase sempre discreto, mas jamais desimportante. O guitarrista também brilha na melodia bonita de “Dez Mil Vezes”, que no disco tem a participação do engenheiro Humberto Gessinger. Mas o monstro Edu K promete vingança e desaba estatelado no placo em “Mate-me”, parente temporã de “Não Me Mande Flores”. Trata-se de uma paulada certeira de refrão colante para que não se duvide do poder de fogo desse novo/velho De Falla, ao mesmo tempo em que mostra o quarteto em sintonia com esses tempos estranhos. E que bate na cara do público como se antiga conhecida fosse.
Muito do explosivo citado ali em cima se deve à performance da baterista Biba Meira, que segue com impressionante vitalidade depois de todos esses anos. Com pegada forte e precisão rara, ela é o motorzinho que faz a banda emendar praticamente uma música na outra, atitude acertada até pelas condições adversas do ambiente. O show é muito curto - como falta música! - para uma banda tão influente e para um público pequeno, sim, mas que seguramente conhece de cor e salteado todos os álbuns desses mais de 30 anos de pauleira. Por isso o hip hop de raiz “Repelente” é cantado e dançado com incrível intensidade, e os hits extramuros “Fucking Boring to Death”, que Edu diz odiar, mas adora, e “Não Me Mande Flores”, são mais que celebração. Representam a vitória da boa música sobre a inefável cultura de massas que um dia o filósofo detectou e que o DJ da casa, sem querer, escancarou. Pra cima, De Falla!
O novo/velho De Falla: a baterista Biba Meira, Castor e Edu K, com o baixista Carlo Pianta no fundo
O novo/velho De Falla: a baterista Biba Meira, Castor e Edu K, com o baixista Carlo Pianta no fundo
Set list completo:
1- Timothy Leary
2- Zen Frankenstein
3- Fruitpunch Tears In The Treasure Hunt
4- Sossego
5- Veneno
6- Dez Mil Vezes
7- Monstro
8- Sodomia
9- Satisfaction
10- Love Is For Loosers
11- Mate-me
12- Fucking Boring to Death
13- Delírios de um Anormal
14- Repelente
15- Não Me Mande Flores
Bis
16- Sobre Amanhã
Links para ouvir “Monstro”, o novo disco do De Falla:
Youtube
Itunes

Spotify

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