PROJETO C.O.V.A.: Primeiramente, Maurício Porão, agradecemos a vossa disponibilidade em conceder-nos esta entrevista. Dê-nos uma ampla visão de sua formação autodidata como fotógrafo, o início do seu interesse por tal artístico ofício, assim como pelo Jornalismo e as Artes Plásticas.
MAURÍCIO PORÃO: Na verdade não sou autodidata de fato: vi alguma coisa de fotojornalismo na faculdade de Comunicação Social (formei-me na Facha em 2001) e estudei a parte básica de arte fotográfica na ABAF (Associação Brasileira de Arte Fotográfica) além de há muitos anos atrás ter sido assistente do Edson Gama, um importante fotógrafo carioca muito gente fina que ministrava cursos num casarão tombado pelo patrimônio histórico, ali no Rio Cumprido. Chamava-se Paço da Imagem o local e são as melhores lembranças que tenho dos meus primeiros contatos com imagens. Além disso, só mencionaria uma breve assistência aos fotógrafos da extinta Ford Models (prefiro não citar os nomes pois muito provavelmente nem lembram de mim e não vou ficar dando ibope sem mais nem menos) e uma workshop de fotografia documental no Foto In Cena (atual Atelier da Imagem na Urca). Ah sim, já ia me esquecendo: fui expulso do Fotoriografia que rolava ao lado da PUC Rio, mas só quem tem mais de 15 anos de fotografia e mora no Rio vai entender isso.
PROCOVA: Você recebe o apoio de amigos e familiares desde que iniciou a sua carreira como fotógrafo?
MP: Olha! Sinceramente meus familiares nem fazem idéia do que se passa com minha alma! No máximo me acham um estranho e distante que curte fotografar mulheres peladas. Faz anos que sou basicamente solitário nesse mundão esquisito! O que tenho de mais próximo de mim é justamente a minha arte. Amigos? Tenho pouquíssimos...eles acompanham e apóiam sim. Mas de longe: a “piração” é só minha saca? Ninguém se mete...apenas observam sem se intrometer!
PROCOVA: Influências diretas de outros fotógrafos underground vieram a tecer algo do iniciar da estruturação das suas próprias fotografias ou, desde o começo, o seu estilo de fotografar foi predominante?
MP: Nan Godin de Nova Iorque, meu camarada Rubinho( Rubber) aqui no Rio. Qualquer outra citação seria clichê. Folheando livros disponibilizados na biblioteca do CCBB aqui no Rio capital e assistindo às produções do Rubinho nos Casarões da Glória, iniciei uma linguagem própria minha quando comecei a levar as modelos góticas e punks para os casarões. Eu era o único fotógrafo aqui do Rio que levava modelos exóticas que não necessariamente seriam totalmente despidas nos cômodos sombrios do local. Mas foi com o Rubinho que aprendi a ser respitado pelas prostitutas, travestis, gays e outros mal interpretados. Teve uma fase interessante que desenvolvi algumas (boas) coisas com o fotógrafo/cineasta Clayton Leite. Mas nossos egos não nos permitiram muito tempo de convivência. Não há nada de muito inovador no que faço. Apenas uma linguagem particular em cima de conceitos já destrinchados.
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