PROCOVA: Quais são os fotógrafos underground que você mais admira, que mais lhe chama a atenção tanto no conceito estético quanto na escolha dos retratados(as)?
MP: Aí sou levado aos clichês: Mapplethorpe e Saudek. Mas minha grande admiração é direcionada principalmente aos fotógrafos da Femjoy - http://femjoy.com/ - com aquelas modelos absurdamente lindas e desnudas. Costumo dizer que atualmente são as(os) modelos que me escolhem. Mas basicamente minha “matéria prima humana” é convidada (prefiro esta palavra) nos diversos universos submundanos (underground?) que freqüento ou freqüentei (pois há alguns contextos sociais que venho abandonado aos poucos).
PROCOVA: Com o avanço da tecnologia fotográfica, o trabalho se tornou muito mais aprimorado e conciso em sua forma final. Quais as diferenças que você sentiu ao substituir as máquinas antigas pelas digitais? Sentiu alguma dificuldade inicial na elaboração de suas fotos?
MP: Para ser bem sincero, mensurando as coisas, prefiro a era digital por um lado e a odeio por outro. O ato de fotografar está banalizado: a quantidade de gente fazendo fotinha idiota por aí é muito grande e sinto falta do clima noir dos laboratórios que improvisei em minhas moradias. Ficava horas no escuro tentando acertar as medidas para PB. Mas as coisas estão bem mais fáceis nos dias de hoje. Mais objetivas e rápidas. Isso é fato! Defendo a tese de que o que vale mesmo é quem está operando a câmera por mais simplória que seja. A fotógrafa Ana Pérola - http://acerolaglitter.blogspot.com/2010/04/ana-perola-diz-ah-sempre-gostei-muito.html - de Nova Friburgo sublinha minhas palavras. O nome dela diz tudo!
PROCOVA: Hoje, qual a máquina fotográfica de sua preferência para a elaboração de seus ensaios?
MP: Na cidade de Nova Friburgo eu fui repórter fotográfico da prefeitura local e atuei com uma Nikon D300 – apaixonei-me por ela. Toda a série Orfanato foi feita com ela.
PROCOVA: Para quais grupos você já trabalhou como fotógrafo?
MP: Revista Minimal Devotion, Prefeituras de Nova Friburgo e de Rio das Ostras atualmente. De resto, prefiro dizer que fui freelancer, pois não há nada de relevante. Houve sim, trabalhos particulares maravilhosos que me levaram a viajar pela América do Sul, Fernando de Noronha, Nordeste, Inglaterra, Parintins etc. Mas como já disse ali em cima: não vou dar ibope para quem nem falo mais hj em dia.
PROCOVA: Em relação ao público de fora do meio underground que toma contato com o seu trabalho, quais são as reações mais frequentes? A repulsa e o preconceito são mais poderosos e gritantes do que a admiração e o respeito?
MP: Geralmente as pessoas curtem muito! Mas creio que minhas fotos sejam mal interpretadas de uma forma geral, inclusive no underground. As pessoas não entendem e não aceitam que eu praticamente não tenha contado com quase nenhuma das pessoas que fotografo. Só mantenho contato com uma ou outra. Inclusive, namorei e me apaixonei enlouquecidamente por uma de minhas modelos (não vem ao caso citar o nome). Essa, no caso, dá pra dizer que “peguei”rsrsrsr. Mas não houve nada de antiético no contexto, foi tudo muito natural e bonito enquanto rolou. Creio que minhas fotos causam uma repulsa que atrai ao mesmo tempo. Saca aquela “puta” que te causa arrepios, de tanto tesão? Você se apaixona por ela, mas renega o tipo de sentimento porque trata-se de uma “puta”!
PROCOVA: Na sua forma particular de fotografar predomina qual intenção a cada ensaio: a de quebrar regras, fornecer um novo tipo de conceito imagético fora do padrão pré-estabelecido (o da "Moda" restrita aos desfiles de luxo requintado apresentando modelos magérrimas) ou na hora em que está a elaborá-los nenhum conceito específico predomina em sua mente?
MP: Afirmo que nenhum conceito específico é pré-estabelecido. Nas Fadinhas por exemplo, uma das meninas me passou um livro do David Hamilton - http://www.hamilton-archives.com/. Eu curti uma certa seqüência com ninfetas pois no geral, acho um pouco brega certa fase dele que não a “pedófila” rsrsrsr! Dividia alguel com um jornalista e pedi pro maluco:” cara, deixa essa pôrra aberta nessa página porque vou tentar me inspirar no David Hamilton” O livro ficou ali aberto por duas semanas, estendido no chão. Eu olhava para aquela menininhas na praia todos os dias...No fim de semana seguinte parti com as fadinhas para as ruínas do Orfanato. Foi incrível, eu fotografei a la Hamilton, porém com toques sombrios (as minhas sombras queridas!) . Mas foi a fadinha que tinha me emprestado o livro sacou? Não partiu de mim.
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