segunda-feira, 4 de julho de 2011

parla aí

Maria Fernanda Cals 

alma black metal

a guitar do Impacto Profano, Trinnity e Vociferatus

- parte dois -


MP: Como conheceu os integrantes de suas bandas?

MF - O Impacto Profano eu conheci através do meu marido, Felipe Eregion. Já tinha ouvido a demo da banda, "Invocation to Destruction of Jehovah and Christianity", e gostado. Então, em 2009, a banda (que já existe desde 2001 e foi fundada pelo Lord Anti-Christ, baterista) passou por uma reformulação completa, surgiu a ideia de eu fazer um ensaio e eu fui aceita como parte do line-up oficial do grupo.

Já o Vociferatus eu conhecia de nome, daqui da cena do Rio mesmo. Ao que parece, eles estavam tendo alguns problemas com o segundo guitarrista e precisavam de uma outra pessoa pra ocupar o posto. Eles me viram tocar num show do Impacto Profano e acharam que eu poderia ser uma substituta à altura. Me chamaram pra entrar na banda, mais uma vez eu carreguei minha guitarra e meu efeito, fiz um ensaio e entrei! rs.

Com a Trinnity foi um pouco diferente. Também já conhecia a banda de nome e tinha muito respeito pelo trabalho. Tinha posto um anúncio no site ToSemBanda.com e as meninas quiseram incluir uma segunda guitarrista na banda (na época, a banda só tinha tido um guitarrista). Entraram em contato comigo. Passei por um processo de teste que durou mais ou menos um mês e envolveu muitos ensaios e músicas da banda, até que finalmente fui aceita. rs.

MP: A Trinnity ainda pegou alguma vibe dos anos 90! O que mudou daquela época para agora?

MF - Acredito que a Trinnity tenha pego uma fase muito boa do underground carioca, no início dos anos 2000, em que ainda tínhamos muitos eventos acontecendo em toda a cidade e também na área da baixada fluminense. Fizemos shows no Garage (que agora felizmente deverá reabrir), Kremlin (em Olaria), Bar do Blues e Clube Recreativo Trindade (ambos em São Gonçalo), dentre outros. Além disso, eu e meu marido sempre pensamos nessa época e percebemos que infelizmente muitas boas bandas acabaram. Por outro lado, há várias bandas promissoras no underground atual e alguns produtores que ainda se esforçam pra manter a cena frutífera. Produzir evento não é nada fácil. É pelo amor. Já estive na produção de 4 (Mysterian Art Fest II, Domination Rio, Marduk e Borknagar - sendo que neste último ainda fui prejudicada por um picareta que desapareceu com o meu dinheiro e com o dinheiro de várias outras pessoas), e apenas metade deu certo.

MP: Vivemos numa sociedade onde a idiotice tem um bom número de representantes principalmente entre os jovens...sendo uma representante de uma cultura sombria, o que pensa sobre o jovem brasileiro atual?

MF - Engraçado que outro dia eu estava vendo um vídeo no YouTube com uma dessas representantes da idiotice e pensando se eu era tão idiota assim aos 18 anos. Tenho certeza que não...

É meio preocupante perceber certas atitudes. Só posso dizer que, quando eu tiver um filho, vou criá-lo pra não ser outro idiota.

MP: Você também escreve letras? Se sim, o que gosta de abordar?

MF - Eu geralmente falo sobre meus próprios sentimentos e situações que eu ou pessoas próximas vivenciam.

MP: O Rio de Janeiro é uma terra metal? Quais as bandas mais importantes do metal carioca de todos os tempos para você?

MF - O Rio de Janeiro, e o Brasil de uma forma geral, não são lugares muito acolhedores para o metal e para quem gosta dele. Ainda existe muito preconceito e ignorância. É quase impossível sobreviver do metal, e é uma vida muito ingrata. Só gostando, amando muito esse estilo de vida. Quanto as bandas mais importantes, houve várias. Corro o risco de ser injusta aqui, mas sinto que devo citar o Unearthly e o Mysteriis.


MP: Curte Punk, HC, Crust e afins?

MF - Conheço pouco, gosto de algumas coisas.

MP: Se fosse DJ, dessas que parecem rock star, dessas festinhas alternativas...o que não poderia faltar em sua pick up (opa, isso ainda existe?)


MF - Hmmmm, eu com certeza escolheria algumas músicas do Chrome Division, Pain, I, AC/DC, e Motörhead.

MP: Você é casada com um ex- integrante do Impacto Profano - isso atrapalhou a banda?

MF - Eu sou casada com o Felipe Eregion, que de fato já tocou baixo e cantou no Impacto Profano. Inclusive ele entrou junto comigo, em 2009, mas saiu em 2010 devido aos compromissos com a banda principal dele, o Unearthly. No entanto, ele continua produzindo a banda e nos ajudando muito. Isso nunca atrapalhou a banda.

continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário