O filme Repórteres de Guerra, de Steven Silver, trata da rotina de trabalho de um grupo de fotojornalistas em meio a Guerra Civil na África do Sul entre os anos 1990 e 1994. O trabalho deles consistia em trazer para o jornal em que trabalhavam, fotografias que retratassem o momento de tensão naquele país, que vivia sob o regime do Apartheid. Este segregava as pessoas socialmente de acordo com a cor da pele.
A abertura do filme começa pelo final. O fotógrafo Kevin Carter é perguntado sucessivas vezes por uma mulher em um programa de rádio se ele havia salvado a criança que estava prestes a ser devorada por um abutre. A situação era uma referência a uma fotografia que Kevin Carter havia feito com essa composição, o que lhe rendeu um prêmio Pulitzer.
A partir daí, o filme passou a contar a história do início e contextualizou os acontecimentos para que chegasse ao final.
De início foi mostrado um fotógrafo que fazia trabalhos freelances e vendia para os jornais o que havia produzido. Greg Marinovich fazia de tudo com fotografia, ainda não tinha um estilo próprio. Até que conseguiu adentrar numa aldeia de combatentes de guerra, pegou a confiança daquelas pessoas ao dizer que queria a verdade dos fatos conhecendo-os e fez fotografias de situações ainda não vistas na guerra por estar num ambiente privilegiado em que outros fotógrafos não haviam ido.
Greg ganhou respeitabilidade da editoria de fotografia, admiração de fotógrafos titulares do jornal e uma câmera nova. Estava tudo pronto para ele sair com o trio de loucos (Kevin Carter, Ken Oosterbroek e João Silva) e pegar as situações mais chamativas da guerra. O grupo estampou fotos nas matérias, fotos de capa e fotos para outros jornais e agências internacionais.
O ápice do novato se deu ao ganhar um prêmio Pulitzer com a fotografia que rodou o mundo de um homem pegando fogo recebendo de outro um facão no pescoço. Diante do sucesso, o grupo de fotógrafos recebeu, sem saber, a denominação de “Clube do Bang-Bang” por parte de outras pessoas. O nome “Bang-Bang” nasceu de um artigo publicado numa revista Sul Africana. O “bang-bang” era uma referência à violência que ocorria dentro das comunidades, e ao som comum de tiros nas ruas e estradas.
Porém, a denominação não foi aceita pelos fotógrafos por considerar pejorativo, como se eles fossem apenas seres que queriam imagens de pessoas morrendo, sem humanidade alguma. Isso fez com que Greg entrasse num conflito interno, questionando para que o seu trabalho servia, se ganhar prêmios pessoais era mais importante que preservar vidas.
A incerteza de Greg foi o inicio da derrocada do Clube do Bang-Bang. Logo depois, Kevin Carter foi demitido pelas suas crises com drogas que estavam prejudicando seu trabalho.
Porém, foi diante dessa situação que Carter partiu sozinho para a Somália, onde fez a foto que deu o seu Pulitzer, a famosa foto do urubu esperando a criança morrer para devorá-la.
Ainda na guerra, outro fator para a extinção do Clube do Bang-Bang foi a morte de Ken Oosterbroek, que não resistiu a um tiro em que tomou num dos combates. Greg tomou um tiro no mesmo combate, mas sobreviveu.
No final do filme, houve o retorno da situação inicial do mesmo: Kevin Carter falando da foto que lhe rendeu o Pulitzer. Ele é bombardeado pela entrevistadora e por mensagens que chegam a ela, perguntando se Carter havia ajudado a criança. Carter ficou calado, e até hoje persiste o mistério sobre o que aconteceu depois do ato fotográfico.
Logo depois, Carter se tranca dentro do seu carro, e num momento de série de questionamentos a si mesmo, comete suicídio ao ligar gás hidrogênio através de uma mangueira que ia até o interior do veículo.
Por fim, o filme mostra que os dois fotógrafos sobreviventes do Clube do Bang-Bang tomaram rumos diferentes. Enquanto Greg Marinovich tomou mais três tiros em países como Sudão, Sérvia e Angola e depois disso parar de fotografar combates, João Silva foi contratado pelo New York Times para fotografar guerras em diferentes países, entre eles o Afeganistão e Israel.
vai nessa, full:
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