segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A fotografia como experimentação artística.




(Photographia- a Leitura e entendimento da Luz)


Foi difícil para o homem aceitar a fotografia como “obra” de arte, sendo que ela já nasceu com esse conceito, já que foram muitas as tentativas, manuais, técnicas e filosóficas até se chegar ao que conhecemos como imagem fotográfica, seja ela digital ou analógica.
Hoje, onde supostamente é tão fácil fotografar, pareceria que o status de obra voltou a entrar em decadência, salvando raras exceções onde alguns poucos foto-artistas se destacam, talvez pelo avanço de suportes como a Internet, aparelhos celulares e afins, onde todo o mundo coloca nas galerias virtuais todo tipo de imagens, sejam elas manipuladas ou não e onde ninguém escapa de ter a sua “obra” pirateada e reeditada para comercialização ou pelo puro prazer de ter essa imagem para si, fazendo com isto que a obra não seja única e muito menos ainda tenha qualquer valor de propriedade intelectual sobre o autor.

Talvez isto tenha algum valor desde o ponto vista que a informação intelectual, cultural e econômica é um direito inalienável de todos os habitantes em tempos de globalização e democracias, mas não é disto que vou falar agora.
Sé hoje a fotografia passa por um processo de redescobrimento o que procurar nela?
Muitos realizadores e fotógrafos tem experimentado captar imagens que há algumas décadas nem eram pensadas, instantes que só em sonhos eram possíveis e que só os grandes poderosos tinham a possibilidade de tentar chegar até eles, assim como fotógrafos de renome trabalhando para revistas e meios idem, lugares antes sequer pisados pelo homem hoje são presa fácil de buscadores de imagens fantásticas realizadas com maquinário e parafernália quase cientifica a tiracolo.

A indústria dos megapixels e os editores fotográficos criaram uma nova legião de seres onde o assombro passa, quase sempre, pela resolução da imagem e pelo ultimo efeito lançado pelo editor top da moda, o que é saudável, muito mais para quem lucra com a venda destes produtos em grande escala.
Eu mesmo tenho experimentado estes recursos e posso dizer que são de grande ajuda quando se está à procura de algo novo, de algo que mostre algo além da imagem e que faça repensar esta em si mesma, não sou um purista e muito menos sou um fotógrafo formado nalguma escola desta disciplina, sou apenas um artista plástico.

Mas, o que procura o artista na imagem?O que ele considera obra? Qual é a razão de tentar achar algo além ate da sua própria compreensão?
Tenho me feito esta pergunta muitas vezes e muitas vezes tenho achado respostas tênues e outras tantas tenho achado mais perguntas ,o que foi criando um labirinto “borgiano “ e não foi por isto que desanimei, talvez a resposta mais clara que tenha achado nos confins da minha consciência é que a arte só é quando a procura desta não morre no produto acabado.

E apesar de eu trabalhar em várias disciplinas de artes visuais e escritas a fotografia foi a que mais impacto me causou dentro da possibilidade da “procura”, tenho lido infinidade de textos técnicos e lúdicos sobre a mesma, queimado horas de conversas com amigos “realmente “ fotógrafos , revelado algumas centenas de imagens , até algumas dezenas da MESMA imagem até me convencer que ainda tinha e tenho muito para descobrir.
Talvez a minha procura seja dentro do próprio coração da luz, dentro do núcleo insustentável do tempo, dentro de uma espacialidade que desconhece a forma como forma em si mesma e desnuda as sombras até achar o esqueleto desta.
Talvez como alguma vez falou o mestre do Cinema Brasileiro , Glauber Rocha “ queremos um cinema cinema...” eu quero uma foto desprovida da matéria , quero uma foto-foto vestida de essência e sentidos lúdicos.
Flavio Pettinichi - 

A fotografia “ luzes essenciais” que acompanha este texto foi realizada sem nenhum recurso tecnológico em nenhum estúdio fotográfico : 
Câmera - Cannon 40 d – Digital – Ainda sem revelar no papel - 
OS: Gostaria muito de saber o que procuram os amantes desta disciplina, quando o “click está a ponto de determinar alguma descoberta”.

Um agradecimento especial a André Amaral, Sergio Novani e tantas modelos modelos que desinteressadamente sempre me ajudaram nestas pesquisas e tantos outros fotógrafos que suportaram as minhas indagações técnicas

texto e foto 
por 
https://www.facebook.com/flavio.pettinichi

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