segunda-feira, 2 de junho de 2014

Indigesto



eu curti pra caralho mas se o Bragato falou...

POST ORIGINAL:
http://www.rockemgeral.com.br/2014/06/01/indiegesto/
http://www.rockemgeral.com.br/


Por Marcos Bragato
fotos - divulgação e autor desconhecido

Em show irregular, Yo La Tengo se supera em performances com ênfase no esporro, mas fracassa em outras, com espécie de “indie rock miudinho”. 

O sujeito que passasse em frente ao Circo Voador na noite deste sábado, ainda no início do show do Yo La Tengo, certamente seria compelido a sacar os últimos caraminguás para trocar por um ingresso na bilheteria. Era a quarta música da noite, e Ira Kaplan desanda a solar uma guitarra barulhenta, cheia de efeitos e distorções de arrebatar o mais neófito dos entusiastas do rock. A música, de início sombrio, é “Flying Lesson”, que logo se converte em um número quase solo do guitarrista, em que pese o suporte sempre preciso da baterista Georgia Hubley. O desvario é tão grande que pela primeira vez a plateia, passiva na maior parte do tempo, é despertada numa calorosa onda de aplauso. A noite prometia.

Só que, sabe-se lá o porquê, o trio faz, ao menos, três shows diferentes. Explica-se que o artifício típico do indie rock, aquele em que as músicas começam como quem não quer nada para “de repente” se transformar num crescente barulhento dos diabos é adotado pelo grupo. Quando isso acontece, o show é um brilho só, com os instrumentos acrescidos de ruídos que saem de dois teclados pilotados por qualquer um dos três – completa o grupo o baixista James McNew e seus truques técnicos. Mas, no meio do show, vem a penitência. Georgia larga as baquetas, vai para frente do palco e o trio começa a tocar em um volume baixíssimo, a ponto de exigir o silêncio da plateia, com se fosse recital um show de rock. Essa espécie de “indie miudinho” desfigura completamente o que se anunciava no início, num dos maiores anticlímax sobre um palco de que se tem notícia.


Curiosamente, em algumas das músicas desse trecho do show, parte do público aplaude e vibra como se comesse a batata frita para aumentar a sede antes de beber o refrigerante da velha propaganda. A grande maioria, contudo, conversa alto e é repelida pela série de pedidos de silêncio. Reparem que o show, então, deixa de ser o mais importante. A performance é pior do que se fosse o show um acústico, porque, nesse caso, em geral os músicos esmerilham os instrumentos e os intangíveis violões se convertem, também, em propaladores de esporro. Ali no palco do Circo Voador, o Yo La Tengo parecia uma desagradável fanfarra bossa-novista, de avexar mesmo a grande tragédia do indie nacional, refletida no encontro com a mpb. Uma pena.

O show tem ao menos umas seis músicas do disco mais recente do grupo, “Fade”, lançado no ano passado, mas duas delas, “Cornelia and Jane” e “I’ll Be Around”, se perdem na parte desinteressante do show; se funcionam, só em disco. Inicialmente, o grupo tocaria 16 músicas, mas dado o interesse, discreto, porém constante do público, um bis com mais quatro músicas foi acrescentado, levando o trio a tocar por cerca de duas horas. A apresentação superou – e muito – a de quando o Yo La Tengo esteve no Rio pela última vez, há 13 anos, em 2001, como bem lembrou Kaplan numa de suas poucas falas. Encerrado o show, o guitarrista sairia para interagir com o público na área externa do Circo. Há que se lembrar, contudo, que em 2010, no SWU, em Itu, no interior de São Paulo, com pouco tempo, o trio se saiu bem melhor (veja como foi), tocando com a intensidade que o rock exige e suprimindo o “indie miudinho” chato pacas.

Mas Ira Kaplan ainda faria das suas. Em “I Heard You Looking”, de melodia colante conduzida pelas seis cordas, ele abusa das distorções, ergue a guitarra e depois recebe outra do roadie, colocando as duas abraçadas sobre os amplicadores. Antes, em “Ohm”, “dá” a guitarra para o público tocar, e senta na beirada do palco à espera do instrumento de volta. A noite poderia terminar nessa vibe, já que, diferentemente das relações pessoais, num show não é a primeira, mas a última impressão a que fica. E o bis é um modelo reduzido de todo o show. Há o início com uma porrada quase punk e, depois, a transição para um desfecho chocho demais. Ira recebe uma cerveja vinda do público, mas não atende ao pedido maior do povão indie, que queria porque queria “From a Motel 6”. Ficou para a próxima.

Set list (quase) completo

1- Big Day Coming
2- Paddle Forward
3- Today Is The Day
4- Flying Lesson
5- Is That Enough
6- Super Kiwi
7- Stockholm Syndrome
8- Season Of The Shark
9- You Can Have It All
10- Cornelia and Jane
11- I’ll Be Around
12- Before We Run
13- Double Dare
14- Sugarcube
15- Ohm
16- I Heard You Looking
Bis
17- A confirmar
18- A confirmar
19- A confirmar
20- Speeding Motorcycle


tá falado.(e não se discute!)







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