sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sérgio Cruz - Conquistas Perfuradas com Agulhas

Sérgio Cruz está se transformando num dos mais expressivos tatuadores do Rio e do Brasil isso é fato! É interessante como caminhos díspares de pessoas que conhecemos em determinadas fases meio que sem nexo de nossas vidas acabam se tornando referenciais positivos. A Faculdade de Comunicação onde nos conhecemos, no meu caso, também não serviu de muita coisa. Naquele dia, na pista de corrida/caminhada ao redor do Maracanã, confesso que achei que aquele papo não passava de coisa de "chutador de balde perdido". Anos depois, leiam a entrevista e vejam no que deu! 





entrevista por Maurício Porão
foto de perfil por Porão
fotos das tatuagens - arquivo particular do Sérgio Cruz
www.sergiocruztatuagem.com
https://www.facebook.com/sergiocruztatuagem


Porão - Lembro-me de que faz alguns anos: eu estava dando uma caminhada  ao redor do Maracanã e nos esbarramos . Você me deu a "boa nova" da época: "maluco, larguei a Publicidade e agora sou tatuador...por enquanto tô fazendo trampos em casa e blá, blá blá..." anos depois e podemos dizer que você se transformou uma referência nesse concorrido cenário/mercado (existe isso?) carioca e por que não dizer nacional! Minhas costas feitas por ti são meu grande orgulho faz quase dois anos!O que pensa sobre isso?


Sérgio Cruz -  Irmão, penso que as coisas acontecem porque tem de ser assim mesmo, de acordo com o que o universo te oferece, e é melhor você agarrar quando sente que se encontra numa vocação. Sempre lidei com artes desde criança, como a maioria de meus colegas de profissão e não diferente disso, escolhi esse caminho para traçar,  seja como publicitário, design gráfico ou tatuador, quando descobri que existe alma na arte que é viva e itinerante. É maravilhoso quando você descobre que pode fazer parte da vida das pessoas de alguma forma vetorizando sua arte e sua mensagem aliada aos ideais das pessoas. Hoje existem, em processo de brotamento, uma enorme gama de novos artistas e todos com surpreendente veia criativa e que bebem na fonte que deu origem a tudo, que é a velha escola, e assim conseguem com honestidade e consciência, se destacar nesse novo cenário com obras customizadas e antenadas com os novos tempos.






Porão -  Embora não seja do meio ( e venhamos, se não aturo muito convívio com fotógrafos, muito menos suportaria um reduto tão egocêntrico como o dos tatuadores) sempre te achei um cara diferente devido à sua formação espirita/espiritualista. O que tem a dizer sobre isso ou prefere não falar porra nenhuma?


Sérgio Cruz - O despertar de cada indivíduo se dará a seu tempo. Procuro acreditar que o meu trabalho seja intuído pelas forcas simpáticas às minhas atividades e é claro, vertendo particularmente a bons fluidos; o que acontece é que muitas vezes se você não estiver se autovijiando, pode ser vampirizado durante um trabalho, num procedimento de tattoo, que depende muito de como o seu cliente esta em conexão com aquele desejo de se tatuar, de gravar em sua pele algo significativo pra ele,  e não um tormento, com relação a sentir dor, pois existe um cordão de energia durante o processo que deve ser relaxado. Caso contrário, após a tatuagem nos sentimos muito cansados...ao menos falo por mim!  E quanto ao ego, creio que como disse, é a forma como canalizamos nossa evolução: eu respeito todos os outros artistas e procuro nunca me deixar levar por isso, ate porque hoje em dia, enxergo a arte como algo livre e sou bastante eclético na apreciação de obras; Porém, fazer uma bela arte pra mim não hierarquiza, nem ranqueia meus sentimentos por ninguém. Todos são iguais pra mim: uns excelentes, outros bons, uns razoáveis e por fim os medíocres.



Porão -  É dom ou foi estudo? Conheço pessoas que são "puta artista" mas têm pavor de fazer um estrago na pele de uma pessoa! Não migram de forma alguma...

Sérgio Cruz - Acho que é dom, estudo, coragem, sensibilidade, razão, escolha, necessidade, vicio…acho ate bom que alguns não migrem para a arte da tatuagem, porque se o fizerem vão perceber que é algo misteriosamente fantástico que os tomará de assalto à alma imediatamente. Ao menos comigo foi uma paixão a primeira vista e agora virou amor ! Infelizmente alguns artistas, acho eu, deveriam migrar e outros abandonar. É só uma questão de alocação de artistas às suas devidas vocações.




Porão - E qual sua visão particular sobre a tatuagem desenvolvida no Brasil e no exterior? Ídolos e referências?

 


Sérgio Cruz - Penso que dispomos de material de alta qualidade não somente lá fora. Novos conceitos aliados a mais informações e tecnologia obviamente trouxeram a esta arte mais requinte e a mídia reforça bastante a cada dia. Referências? Têm aumentado a cada dia, rs! São muitos excelentes artistas: uns antigos e outros prodígios, mas, de uma certa forma, tenho minha escola la fora como: Anil Gupta, Tom Renschaw, Dimitry Samohin, Tomas Tomas, Pavel Angel, dentre outros.  Aqui no Brasil: Dallier, Buzuca, Renato Lc e outros excelentes colegas de profissão que se for citar não terá espaço.



Porão - Que tipo de sons curte ouvir quando está tatuando? Estou editando está "entrevista ao som de - Napalm Death - Utilitarian - acho um dos últimos álbuns - https://www.youtube.com/watch?v=MI-WBoZRJa4 ?! e Motorhead classicão Bomber - https://www.youtube.com/watch?v=KRXYwY1k2pU - 


Sérgio Cruz - Curto som pesado:  death metal, progressivo, anos 80, som cigano, ska, alternativo. Dentro de tudo quanto é lado B.



Porão -  Fale de seus prêmios e conquistas relevantes após tantos anos?


Sérgio Cruz - Comecei em 2003 e já  em 2006 ganhei a melhor tribal na convenção do Edu, que era, na época,  a mais tradicional do meio e com certeza isso me deu um gás para buscar sempre um aprimoramento constante; Em 2007, melhor tatuagem moderna; 2008, um prêmio de terceiro lugar na categoria comics; 2009, melhor barco 100% tatuado, quando comecei a estudar uma vertente alternativa que era o pontilhismo e vim a fazer vários trabalhos nesse gênero. Em 2010, ganhei melhor tatuagem abstrata, também fazendo um trabalho de pontilhismo; Em 2011,  prêmio de segundo lugar na categoria old school. As conquistas são diárias no aprendizado da vida.



Porão - Muitos famosos já sentiram dor com suas agulhas?

Sérgio Cruz - Muitos não. Mas se não me falha a memória, foram poucos os que somaram e propagaram a arte e tornaram-se meus amigos de uma forma natural!


Porão - E quais os planos para esse final de 2014 (um dos anos mais esquisitos da história do país na minha opinião) e para 2015?

Sérgio Cruz - Confesso que pretendo continuar a estudar, mesmo com 44 anos, e cuidar da mente e do corpo, pois esta profissão exige demais da postura e este é o momento que preciso me policiar em relação a isso pois  já sofro os sinais do desgaste. Estou em produção para uma exposição ate no máximo o início de 2015. Serão com trabalhos que venho fazendo em série; vamos indo, criando conceitos, expondo a arte ao público e  tentando passar uma mensagem verdadeira que possa inspirar .

Porão - Todo trabalho requer um estudo minucioso anteriormente ou não é pra tanto?


Sérgio Cruz - Nem todo trabalho: os realistas ou geométricos e também os coloridos, procuro estuda-los sim, já as escritas mais simples ou trabalhos de free hand costumam sair na hora mesmo.







Porão - Essa é livre: sangue que escorra por uma causa nobre!

Sérgio Cruz - A causa nobre é uma lembrança. Amarga ou doce...









pirou de vez: http://faith-on.blogspot.com.br/2014/10/cocozinhos-defecai.html

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