Não deixa de ser sintomático o fato de Estômago ser uma co-produção Brasil-Itália: a comédia tem a pegada das sátiras italianas dos anos 70 e há cenas de sexo e carniceria no longa de estréia do diretor curitibano Marcos Jorge que são puro Marco Ferreri.
João Miguel interpreta Raimundo Nonato, cozinheiro que vai parar na cadeia e ali aprende que o homem que manja de fogão tem um poder todo particular. Esse talento ele conquistou aos poucos, desde que saiu da Paraíba rumo a São Paulo (o filme foi filmado em Curita), primeiro em um boteco fritando coxinhas, depois nas panelas eruditas de um restaurante italiano. Ficamos sabendo no vaivém de flashbacks como Nonato aprendeu a arte, mas demora a descobrirmos qual foi o crime que o botou na prisão.
João Miguel interpreta Raimundo Nonato, cozinheiro que vai parar na cadeia e ali aprende que o homem que manja de fogão tem um poder todo particular. Esse talento ele conquistou aos poucos, desde que saiu da Paraíba rumo a São Paulo (o filme foi filmado em Curita), primeiro em um boteco fritando coxinhas, depois nas panelas eruditas de um restaurante italiano. Ficamos sabendo no vaivém de flashbacks como Nonato aprendeu a arte, mas demora a descobrirmos qual foi o crime que o botou na prisão.
Ainda que a prostituta glutona por quem Nonato se apaixona, Íria (Fabiula Nascimento), pareça saída de A Comilança (1973), João Miguel não é um parlapatão típico italiano. O tipo acanhado do ator de Cinema, Aspirina e Urubus - que deu a João Miguel o prêmio de melhor ator no Festival do Rio em 2007 - é muito mais complexo. Com seus olhos pequenos e curiosos, o ator vai de ente benévolo de fábula a maníaco em um segundo. Um super ator: deixar-se fitar pelo estranho João Miguel é um encanto e também um perigo.
Segue valendo mais do que nunca a máxima do mais célebre pensador de gastronomia da história, Anthelme Brillat-Savarin, autor do livro
A Fisiologia do Gosto, de 1825: "Diga-me o que comes e eu te direi quem és". O bandido iletrado que chama "carpaccio" de "carrapato" nunca deixará, por preconceito culinário, de ser um bandido iletrado, mas Nonato, que aprende a apreciar a boa mesa, muda como pessoa, particularmente na parte do filme-de-cadeia. E ele aprende a filtrar esse conhecimento e o transforma em moeda de troca.
Talvez não seja o caso de dizer que Nonato é o clássico herói sem caráter: há em suas ações um senso de ética bastante particular, como a da meretriz que respeita e não beija. Aético é o chefe que vende romeu-e-julieta a oito reais...
Nonato está mais para anti-herói incompreendido mesmo, como nos citados filmes italianos setentistas, que se travestiam de comédia para falar de inconformismo.
Nem tudo é perfeito, mas conseguir dialogar com o público é um feito e tanto para o debute de Marcos Jorge. Escorado na sempre competente fotografia de Toca Seabra - https://www.facebook.com/toca.seabra/about - o diretor exagera no didatismo por vezes (o destino de Bujíu se adivinha já na concha de feijão), mas ao fim deixa uma boa impressão.
Porão
Talvez não seja o caso de dizer que Nonato é o clássico herói sem caráter: há em suas ações um senso de ética bastante particular, como a da meretriz que respeita e não beija. Aético é o chefe que vende romeu-e-julieta a oito reais...
Nonato está mais para anti-herói incompreendido mesmo, como nos citados filmes italianos setentistas, que se travestiam de comédia para falar de inconformismo.
Nem tudo é perfeito, mas conseguir dialogar com o público é um feito e tanto para o debute de Marcos Jorge. Escorado na sempre competente fotografia de Toca Seabra - https://www.facebook.com/toca.seabra/about - o diretor exagera no didatismo por vezes (o destino de Bujíu se adivinha já na concha de feijão), mas ao fim deixa uma boa impressão.
Porão
outras críticas:
http://criticos.com.br/?p=1497&cat=1 e
http://cinemacao.com/2013/09/20/critica-estomago/
"dando sopa" na íntegra:
post noriginal:


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