terça-feira, 28 de junho de 2016

cine noia - Mundo Cão

Homem animal


Conhecido pelo trabalho no brilhante Estômago, mas também responsável por filmes esquecíveis como Corpos Celestes e O Duelo, Marcos Jorge chega com seu mais novo projeto: Mundo Cão. O longa não é tão bom quanto Estômago, mas de certa forma recoloca a carreira dele nos trilhos ao oferecer uma narrativa bem desenvolvida e envolvente.

Santana (Babu Santana) é um cara comum que vive com a esposa (Adriana Esteves) e os dois filhos. Ele trabalha recolhendo cães abandonados na rua. Segundo determinação, ele deve manter os cães por três dias no Departamento de Combate as Zoonoses. Se o dono não aparecer, o animal é sacrificado. Determinado dia, Santana e um colega de trabalho levam um cachorro para o sacrifício. Pouco tempo depois, o dono aparece (Lázaro Ramos) e fica revoltado com a situação.

É melhor não entrar muito em detalhes sobre o roteiro, que é um dos méritos da produção. O filme tem seus problemas, mas a previsibilidade não é um deles. O longa é repleto de reviravoltas, todas naturais e bem inseridas na trama. Há de se destacar o trabalho com os animais. Os cachorros estão presentes na trama não apenas como fonte/vítima de violência. Eles também são reflexo da natureza humana. É possível vislumbrar nas atitudes dos protagonistas, muitas atitudes de seriam consideradas irracionais ou selvagens.

O elenco principal é competente, com destaque para Babu e Lázaro. O ponto fraco é o ator mirim que interpreta o filho de Santana. Milhem Cortaz completa o elenco numa participação reduzida, mas boa como é de costume com relação ao ator.

A trama entra num jogo de vingança e violência crescente que é impactante e lembra um pouco o trabalho emEstômago. Mas um problema grave da produção é no desenvolvimento do núcleo familiar do protagonista, que oferece cenas mal conduzidas e artificiais, como as interações entre Santana e os filhos ou o momento em que o personagem de Babu toca bateria.

Em contraponto, os momentos de intimidade entre Santana e Esteves são bem executados, como na cena em que conversam sobre a filha que já cresceu e agora começa a se interessar em sair na noite.

A trilha sonora é um dos destaques da produção, que peca no trabalho de montagem, utilizando-se de transições pouco originais e nada pensadas.

Filme visto no Festival do Rio, em outubro de 2015.
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-229625/criticas-adorocinema/



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