quarta-feira, 25 de setembro de 2013

leveza

Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa.
Na simples e suave coisa

Suave coisa nenhuma
Sombra, silêncio ou espuma
Nuvem azul
Que arrefece

Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma.
Que em mim amadurece

letra: Secos e Molhados


Tomo estas palavras para pensarmos nas contradições da própria idéia de leveza dentro das artes visuais. A idéia de que a imagem, enquanto presença de uma ausência, referência explícita a algo que não se faz presente, se sustenta na leveza de sua transparência pode, por outro lado, ser negada pela própria consciência que postula a imagem, uma vez que o caráter ontológico de toda visualidade se estrutura na certeza de que aquilo que se vê é mesmo visto (tautologia e redundancia, mas ainda assim uma questão).
"Suave coisa" ou "Suave coisa nenhuma" são representações de uma idéia de leve que parece surgir no âmago da consciência ("Que em mim amadurece"), percebemos se tratar o "leve" de um aspecto psicológico delineado entre a presença e a ausência do objeto em questão (desejo e satisfação).

texto por Bruno Melo Monteiro (SENAC RJ)
fotos: primeira de cima pra baixo - Francesca Woodman
outra: As Fadinhas por Porão

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